A concelhia do Partido Socialista do Porto defendeu esta quarta-feira que o acordo de governação entre o movimento independente de Rui Moreira e o PSD para os próximos quatro anos “defrauda” os eleitores e reforça o PS como “alternativa”.
Em comunicado, o PS afirma que a oposição do PSD na cidade do Porto “não resistiu sequer até ao dia da tomada de posse”, agendada para 20 de outubro.
Para os socialistas, o acordo de governação entre o movimento independente do presidente Rui Moreira e o PSD não é “inteiramente surpreendente”, mas “defrauda” os eleitores que votaram numa visão alternativa para a cidade.
“[O acordo] põe a nu que as divergências na campanha eleitoral não passaram de uma simulação pouco edificante”, afirma a concelhia do PS do Porto.
Salientando que durante a campanha eleitoral, tanto Rui Moreira como o PSD se “atacaram mutuamente, muitas vezes, roçando o insulto”, o PS considera que o PSD “abdica do seu papel de escrutínio nos órgãos municipais”.
“Estes acordos de bastidores, contrários a tudo o que foi dito em campanha, representam o pior da vida política. É legítimo que os portuenses se sintam enganados no seu voto, mas o PS não abdica de lhes dar voz”, assegura, acrescentando que “o PSD desistiu do Porto, mas o PS nunca o fará”.
Numa publicação na sua página do Facebook, semelhante à informação veiculada esta quinta-feira pela concelhia, o candidato do PS à Câmara do Porto, Tiago Barbosa Ribeiro, defende que este é “o acordo do descrédito”.
“O PSD e Rui Moreira trocaram violentíssimas acusações durante a campanha e nos debates, bateram no peito uns contra os outros, por vezes raiando o insulto. Rui Moreira chamou a um dirigente do PSD ‘o Putin de Paranhos’, menorizou o candidato do PSD [Vladimiro Feliz] à câmara, afirmou que Rui Rio deveria ter sido expulso do PSD, chamou-lhe ‘complexado’, diminuiu e atacou os seus candidatos. Vladimiro Feliz, por seu turno, acusou Moreira de se ‘transformar num autarca vulgar’, enunciou divergências radicais com Rui Moreira, descreveu-o como um ‘autarca ferido com o caso Selminho’, que foi abundantemente usado pelo PSD como arma de arremesso eleitoral”, escreveu.
Tiago Barbosa Ribeiro diz ainda que o PS assumirá “o seu papel de oposição no Porto”, uma oposição “construtiva” que apoiará “medidas positivas para a cidade independentemente da sua origem”.
“Eu disse durante a campanha — e reiterei na noite eleitoral — que o PS iria assumir o seu papel de oposição no Porto se fosse essa a vontade dos eleitores. E, recusando participar no leilão que se verificou em certas esferas da cidade nos últimos dias, é exatamente isso que faremos”, acrescentou.
O movimento do independente Rui Moreira, reeleito presidente da Câmara Municipal do Porto sem maioria absoluta, e o PSD estabeleceram na quarta-feira um acordo de governação e acordaram medidas para os próximos quatro anos de mandato.
O PSD não terá representação nos pelouros do executivo, nem nas empresas municipais.
No entanto, na Assembleia Municipal, o PSD irá apresentar Sebastião Feyo de Azevedo, antigo reitor da Universidade do Porto, como candidato a presidente da mesa, contando com o apoio já anunciado do movimento de Rui Moreira.
A mesa da Assembleia Municipal do Porto foi durante os últimos dois mandatos presidida por Miguel Pereira Leite, do movimento independente, que, perante o acordo, anunciou que “não será recandidato ao cargo”.
Segundo os dados divulgados na noite eleitoral pelo Ministério da Administração Interna (MAI), o movimento independente Rui Moreira: Aqui Há Porto! obteve 40,72% dos votos, elegendo seis vereadores. Por seu turno, a oposição elegeu sete mandatos — três do PS, dois do PSD e a CDU e o Bloco um cada.
No Porto, foram a votos nestas eleições o Movimento independente “Rui Moreira: Aqui há Porto” — apoiado por IL, CDS, Nós Cidadãos, MAIS -, Tiago Barbosa Ribeiro (PS), Vladimiro Feliz (PSD), Ilda Figueiredo (CDU), Sérgio Aires (BE), Bebiana Cunha (PAN), António Fonseca (Chega), Diogo Araújo Dantas (PPM), André Eira (Volt Portugal), Bruno Rebelo (Ergue-te), Diamantino Raposinho (Livre).