Se tivermos em conta que os veículos eléctricos são particularmente sensíveis a factores como a aerodinâmica e o peso, mais do que as alternativas com motores a combustão, é fácil perceber que os veículos pesados têm pela frente um caminho difícil. Construtores como a Tesla acreditam que podem ser competitivos com um camião alimentado exclusivamente a bateria, mesmo que isso implique transportar um elevado peso de acumuladores a bordo, absorvendo capacidade de carga. Daí que, apesar de poucos duvidarem do potencial da Tesla, não faltou quem procurasse outras soluções.

A segunda via para fazer funcionar os camiões eléctricos passa por alimentá-los com a energia produzida a bordo através de uma fuel cell a hidrogénio, opção que reúne um maior número de adeptos entre os construtores desta classe de veículos. O facto de serem mais rápidos de recarregar e de não precisarem de transportar toneladas de acumuladores a bordo está na base da maior popularidade desta tecnologia.

Mas os fabricantes europeus de camiões, que continuam a desenvolver os seus modelos alimentados por baterias ou por células de combustível a hidrogénio, defendem igualmente uma terceira solução, que passa por electrificar as auto-estradas europeias – para já a alemãs – com as catenárias que já conhecemos dos eléctricos. Um pantógrafo recolhe electricidade das linhas eléctricas suspensas, para que nos longos percursos em auto-estrada os pesados não consumam energia das baterias ou hidrogénio.

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Depois de umas experiências em zonas limitadas, para testar a tecnologia, os alemães avançaram para extensões maiores em que a faixa da esquerda está servida por cabos eléctricos de alta tensão. Para facilitar as ultrapassagens, dado que os camiões se deslocam a diferentes velocidades devido à carga, especialmente nas subidas, o pantógrafo tem a capacidade de ser baixado, com camião a ser então alimentado pela sua própria energia, antes de se reposicionar sob os cabos eléctricos para continuar viagem.

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Nada desta tecnologia é novo, mas foi preciso adaptá-la aos veículos pesados e ao trânsito em auto-estrada. Os alemães, que têm de um lado a Scania e a MAN, do Grupo VW, e do outro a Daimler, com os camiões da Mercedes, estão obviamente interessados em encontrar uma solução. Por isso, o Governo germânico montou uma zona experimental em Lübeck, para testar o transporte pesado de longa distância, destinado a não só resolver o problema local, como também criar os standards que possam servir para o mercado europeu.

De acordo com as autoridades alemãs, electrificar 1/3 das auto-estradas é uma operação cara, mas é também algo que se consegue viabilizar com a energia vendida aos camiões, mesmo que por valores competitivos.