O primeiro passaporte LGBTQ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Queer) emitido pelos Estados Unidos da América, sem referência a género masculino ou feminino, foi atribuído ao ativista intersexo Dana Zzyym.

Com um “X” na identificação de género em vez de “M” ou “F”, o passaporte foi emitido pelo Departamento de Estado dos EUA e prevê-se que seja apresentado à população no próximo ano, segundo fonte do Departamento de Estado.

EUA emitem primeiro passaporte com indicação de género “X”

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Danna Zzyym, natural de Fort Collins, cidade do Colorado, tornou-se assim, na quarta-feira, no primeiro cidadão americano a receber um passaporte não-binário.

Segunda a ABC News, Dana Zzyym é um veterano militar dos fuzileiros norte-americanos, e é o diretor da Campanha Intersexo pela Igualdade. Em 2015, apresentou uma queixa legal, com a ajuda da Lambda Legal, contra o Departamento de Estado dos Estados Unidos da América por não lhe ser dada a hipótese de possuir um passaporte não-binário.

“O culminar dessa luta pelos direitos LGBTQ está finalmente na minha posse, e representa uma variedade de coisas para mim”, assumiu Dana Zzyym à ABC News.

Tendo nascido com características sexuais ambíguas, Dana foi criado como um rapaz do sexo masculino, e os pais autorizaram uma série de cirurgias ao filho neste sentido.

“Este passaporte permite-me sair do país e poder experienciar novas coisas, e ao mesmo tempo representa um importante primeiro passo nos meus direitos enquanto pessoa intersexo e não-binária”, explicou Dana Zzyym.

Dana, citado pela CBS Nova Iorque, assegurou, contudo, que esta luta não foi realizada com o único propósito de benefício próprio.

“Experienciei grandes sacrifícios ao ter de passar por mutilação genital intersexo, que foi quando eles me cortaram e medicaram para me tornar na pessoa com a qual alguém queria que eu me assemelhasse. Causaram-me bastante dor – física, menta e emocional – para o resto da minha vida. Esta é a realidade da maioria das crianças intersexo, e foi por isso que eu disputei esta luta pelo meu passaporte, para que houvesse um reconhecimento legal das pessoas intersexo”, esclareceu o ativista intersexo de 63 anos.

O Departamento de Estado já permitia, de acordo com a BBC, que as pessoas pudessem escolher qual a categoria com a qual se identificavam entre masculino e feminino, e agora o próximo passo será a criação de uma terceira opção disponível para toda a população.

“Quero reiterar, na ocasião da emissão deste passaporte, o compromisso [do Departamento de Estado] em promover a liberdade, dignidade e igualdade de todas as pessoas, incluindo pessoas LGBTQ”, afirmou o porta-voz do departamento americano, Ned Price.

A enviada diplomática especial dos EUA para os direitos LGBTQ, Jessica Stern classificou a medida como histórica e digna de celebração. Segunda a diplomata, esta nova medida “alinha os documentos oficiais com a “realidade vivida” de um espectro mais amplo de características sexuais humanas do que o que estava refletido nas duas anteriores designações.

Esta nova designação de género deve reduzir o “assédio e maus-tratos que frequentemente acontecem nos pontos de controlo fronteiriço quando os documentos legais de uma pessoa não correspondem com a sua expressão de género”, concluiu a diplomática especial para os direitos LGBTQ.