Boyan Rasate, o candidato do partido de extrema-direita União Nacional Búlgara às próximas eleições presidenciais, mandou no passado sábado uma dezena de pessoas destruir uma associação que defende os direitos da comunidade LGBT+, a Rainbow Hub. Uma mulher foi ainda espancada na sequência do incidente. Esta quarta-feira, o político foi detido e foi formalmente acusado de atentar “contra a ordem pública” e de levar a cabo uma “agressão motivada por homofobia, racismo ou xenofobia”.
“Tentei pará-los. Gritei ‘não’. Levantei os braços e tentei que eles não entrassem no centro”, relata à Euronews a coordenadora da Rainbow Hub, Gloriya Filipova. “Eles entraram e começaram a desorganizar e a partir tudo. Uma pessoa tinha uma faca e usou-a para cortar as rodas de uma scooter que estava estacionada no parque de estacionamento”, recorda.
O candidato às eleições que se vão realizar a 14 de novembro nunca admitiu a responsabilidade pelo ataque, acusando a comunidade LGBT+ de “corromper os jovens” e de ser composta por “pedófilos”.
Por seu turno, o Ministério Público búlgaro decidiu levantar a imunidade que usufruía Boyan Rasate enquanto candidato presidencial e ordenou a sua detenção. “Os crimes que cometeu destacam-se pela sua audácia extrema e pelo desrespeito das fundações democráticas do estado”, argumentaram os procuradores, que também caracterizaram o episódio como sendo um “ato indecente”, que “violou a ordem pública e expressou um claro desrespeito pela sociedade”.
Ainda não é claro se Boyan Rasate, que se autoproclama nacional-socialista e que tem como herói Hristo Lukov — um general que colaborou com Hitler na Segunda Guerra Mundial –, poderá disputar as eleições marcadas para o próximo domingo.
A comunidade internacional reagiu ao incidente. Dunja Mijatovic, comissária para os Direitos do Homem do Conselho da Europa, descreveu o ataque, na sua conta pessoal do Twitter, como sendo “mais um exemplo preocupante das crescentes ameaças contra as ONG que trabalham pela igualdade de direitos da comunidade LGBT+”.
The attack against Sofia’s #LGBTI #RainbowHub is another worrying example of mounting threats against NGOs working for #equalrights for the LGBTI community. I call on the Bulgarian authorities to conduct a swift investigation & prosecute the perpetrators. https://t.co/Tq8BvBKyRZ
— Commissioner for Human Rights (@CommissionerHR) November 2, 2021
“As autoridades búlgaras devem tomar medidas urgentes para impedir que políticos e partidos usem a comunidade LGBT+ como bode expiatório”, disse por sua vez o diretor regional adjunto da Amnistia Internacional, Massimo Moratti.
O ataque foi condenado na segunda-feira ainda por onze países ocidentais, incluindo Portugal. “As embaixadas dos Estados Unidos, Austrália, Bélgica, Canadá, Dinamarca, França, Irlanda, Holanda, Portugal, Espanha e Reino Unido condenam veementemente o ataque ao Rainbow Hub”, lê-se num comunicado conjunto.