O banco central dos EUA confirmou este quarta-feira o início do processo de retirada dos estímulos monetários à economia, começando o processo de taper (estreitamento) do ritmo mensal de compras de ativos. A partir do mês de novembro será reduzido em 15 mil milhões de dólares, por mês, o programa de compra de ativos – uma redução que está em linha com as expectativas criadas nos últimos meses nos mercados financeiros.
A Reserva Federal dos EUA, liderada por Jerome Powell, vai a partir deste mês de novembro reduzir as compras em 15 mil milhões por mês, face ao ponto de partida de 120 mil milhões que é o montante de compras de ativos que o banco central tem comprado nos últimos meses. Isto significa que, retirando 15 mil milhões de dólares por mês, o programa deverá extinguir-se em meados de 2022, tal como a Reserva Federal tinha admitido recentemente.
O banco central dos EUA reiterou, também, que a taxa de inflação está em níveis elevados mas apenas devido a fatores “que se acredita serem transitórios” e que, na opinião do organismo, vão normalizar-se à medida que avança a retoma pós-pandémica, o que inclui as dificuldades nas cadeias de fornecimento globais. Essas são dificuldades cuja normalização, reconheceu o presidente da Fed na conferência de imprensa, está envolta numa “grande incerteza”.
Apesar desse fator, “à luz dos progressos adicionais significativos que a economia tem vindo a fazer”, a Reserva Federal dos EUA diz que faz sentido avançar para a redução dos estímulos monetários. Vão passar a ser comprados menos 10 mil milhões de dólares em títulos do Tesouro norte-americano e menos 5 mil milhões em outros títulos – é nessa medida que a cada mês as compras vão ser reduzidas.
A taxa de inflação favorita da Fed – a core PCE – subiu para os 3,6% em setembro, quase o dobro do objetivo do banco central. Um dos principais riscos, nesta fase, é que estas taxas de inflação se enraízem e comecem a influenciar as negociações salariais. Sobre isso, Powell indicou que “os salários têm vindo a subir de forma muito rápida” e reconheceu que se os salários vierem a subir acima da inflação e da produtividade então poderia ser necessário agir – “mas não temos neste momento evidências de que isso esteja a acontecer e não antecipamos um aumento preocupante dos salários”.
No final de dezembro, a Fed anunciou que iria comprar 120 mil milhões de dólares (104 mil milhões de euros) por mês em títulos de dívida, até que a economia apresentasse sinais de “progresso substancial” na direção dos seus objetivos, de pleno emprego e uma taxa de inflação média de 2%. A compra de títulos de dívida pretende estimular a concessão de crédito, ao manter baixas as taxas de juro de longo prazo.
A Fed também manteve a sua principal taxa de juro próxima de 0%, no intervalo entre zero e 0,25%, onde está desde que a pandemia de Covid-19 abalou as economias mundiais. Com os mercados financeiros já preparados para esta decisão de redução das compras de ativos, o enfoque transfere-se para quando é que o banco central dos EUA irá avançar para a primeira subida das taxas de juro. Isso é uma decisão que o Banco de Inglaterra deverá tomar já esta quinta-feira, ao passo que o BCE tem sublinhado que não acontecerá nem este ano nem no próximo.
Banqueiros e ex-governadores (exceto um) ouvem BCE a pôr água na fervura nas taxas de juro