O recente aumento de casos de Covid-19 em Portugal ainda não fez soar alarmes em Belém, mas como a terceira dose não está a avançar ao ritmo que se pretendia, o melhor caminho a seguir pode ser “uma campanha de sensibilização mais alargada”, dizem fontes próximas do chefe de Estado ao Observador.

A dificuldade em convencer os mais velhos de que é necessário avançar para mais uma toma é encarada como o obstáculo número um, sendo que a responsabilidade do que tem falhado não pode ser posta em cima da estrutura que está montada e deve continuar a funcionar mesmo sem Henrique Gouveia e Melo.

De resto, a missão do militar que esteve à frente da task force da vacinação já é dada por terminada no núcleo duro do Presidente: “O vice-almirante tem a vida dele, não vai ficar a vida toda a tratar da vacinação”.

Fora das “grandes razões”, mas também apontadas como obstáculos ao avanço da última fase do plano de vacinação, estão as “intermitências” das últimas semanas provocadas pelas greves da Função Pública que puseram um travão sobre “o grande esforço que tem estado a ser feito pelos centros de saúde”. Há ainda o “cansaço natural” que tem sido acumulado nos últimos meses de pandemia.

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Reunião do Infarmed antes do fim de novembro

A última reunião do Infarmed aconteceu há dois meses e a próxima deve ser marcada antes do final do mês de novembro para que se possa fazer uma análise aos últimos avanços da pandemia e preparar o Natal, “um período sempre complicado”.

A decisão final sobre este calendário está nas mãos do governo, mas quando os peritos e políticos se encontraram da última vez foi este período temporal apontado, revela fonte da presidência.

Há vários pontos na agenda e a proximidade da época festiva está na mente de todos desde que no ano passado as regras foram aliviadas, tendo sido registado um aumento do número de casos e de mortes nas semanas seguintes e o enorme pico que se seguiu em janeiro.

Baltazar Nunes, perito do Instituto Ricardo Jorge foi uma das vozes que pediu cautelas com as festas do final do ano porque a “perda de efetividade das vacinas” pode coincidir com o “momento de maior transmissibilidade associado às festividades de Natal e Ano Novo”.

Esta “perda de efetividade” está sobretudo associada às primeiras pessoas que tomaram a vacina e que agora já deviam estar a tomar a terceira dose, um processo que não está a avançar como planeado e que se pode juntar à incógnita da gripe que é vista como “imprevisível” junto do chefe de Estado.

Com o número de casos a fazer aumentar os internamentos, em Belém olha-se mais para fora do que para dentro com países como a Alemanha, a Holanda ou a França a surgirem como pontos de alerta.

O próximo encontro de políticos e especialistas deve, por isso, servir para entender as dinâmicas do turismo com o objetivo de se perceber se a abertura ao turismo não pode ser encarada como um perigo.