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Studiorise. Neste ginásio de cycling em Lisboa pedala-se às escuras e as coreografias mudam a cada aula

Este artigo tem mais de 2 anos

Alexis e Carine queriam mudar o mundo do fitness para que deixasse de ser uma obrigação e passasse a ser uma experiência. O estúdio tem sete instrutores, todos com coreografias e playlists diferentes.

Studiorise - campo de ourique
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À chegada há dois tablets para ativar a inscrição na aula e as sapatilhas especializadas são recolhidas no momento

Francisco Nogueira

À chegada há dois tablets para ativar a inscrição na aula e as sapatilhas especializadas são recolhidas no momento

Francisco Nogueira

Uma aula de cycling à luz das velas. Não, não é um novo programa romântico dos tempos modernos, é antes uma das valências do studiorise, o novo estúdio premium em Campo de Ourique dedicado exclusivamente à prática de aulas de cycling imersivas onde o que importa é cada um pedalar ao seu ritmo e onde a música e as coreografias sempre diferentes a cada aula são a chave d’ouro do espaço. “Fitness is boring” é o mote que dá alento aos fundadores Carine Lucas e Alexis Péribère que, por o tradicional ser aborrecido, quiseram fazer diferente.

Carine nasceu em França, filha de pais portugueses, e viveu em Paris durante quase toda a sua vida, mas aos 30 decidiu que queria morar em Portugal para “mudar o lifestyle” e assentar noutro ambiente. Foi jornalista, mudou-se para o lado da comunicação e marketing e quando aterrou em Lisboa tinha um projeto em mãos ligado à restauração — que chegou a ser incubado na Startup Lisboa —, por isso a sua primeira ideia na capital era abrir um restaurante. Mas a procura por rotinas numa nova vida lisboeta levaram-na a sentir necessidade de algo que, em Paris, tinha como certa: a de um espaço para praticar exercício que não caísse no cliché do tradicional ginásio.

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Alexis e Carine são os fundadores do espaço

Francisco Nogueira

“Fazer exercício sempre foi muito importante para mim, para a minha saúde mental e física. Cá comecei a ver ginásios diferentes e acho que experimentei tudo, e não me sentia alinhada com nada daquilo”, conta. “Acho que há muita gente que gosta de ginásios tradicionais mas eu não gostava, acho que são espaços muito old school com aquele ambiente de cultura do corpo, com o qual não concordo. Sempre  tive um lado muito feminista e acho que também é preciso mudar a visão do mundo do fitness.”

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A par disto, Carine sentia que estava sempre a ver as mesmas palavras de “pseudo-motivação” e o mesmo tipo de corpos associados ao mundo do exercício físico, e esses padrões estereotipados irritavam-na. “Nem tudo tem de ser sobre mudar o corpo ou perder calorias”, refere. “Há muita pressão vinda de todo o lado para estares bem contigo mesmo, comeres bem, meditares, isso começa a ser sufocante. O desporto pode ser uma coisa praticada por todos, como cada um quer, a cada ritmo. Era a minha ideia.”

Apesar da irritação, a ideia ficou-se por aí, guardada numa gaveta entre tantas outras. Determinada em fazer coisas fora dos padrões, Carine chegou a Lisboa e criou o Holy Club, um projeto com atividades e palestras muito ligadas ao feminismo e ao empoderamento para abordar todo o tipo de temas — da menstruação à defesa pessoal. “Eu tinha uma visão alargada sobre o que queria, muita gente interessou-se pelo Holy Club, e eu percebi que isto podia vir a ser algo maior, uma experiência que não existisse na cidade”, afirma.

Nisto a pandemia chega, mas uma semana antes do confinamento Carine conheceu Alexis que partilhava a sua visão sobre todos os estes temas que lhe causavam comichão. Já durante a quarentena, Carine decidiu que queria mesmo fazer alguma coisa que marcasse pela diferença e ligou a Alexis — e o studiorise começa a ser desenhado por telefone antes de abrir no espaço de um antigo banco em Campo de Ourique.

“Passámos horas e horas em chamadas a trabalhar no conceito que queria construir para que fosse único na cidade e, acima de tudo, que fosse libertador de preconceitos.

A dupla não inventou a pólvora, mas adaptou-a à sua maneira. Em Paris, Carine já frequentava um estúdio de cycling imersivo — um conceito que nasceu com o Soul Cycle há 15 anos em Nova Iorque —, que são aulas que decorrem numa sala escura onde só o ritmo, a música e a energia de cada pessoa importam. “A ideia era trazer isso para Lisboa, especializarmo-nos e sermos os melhores no cycling, sem dispersarmos”, conta a co-fundadora.

Para fazerem a coisa à sua maneira, começaram por pensar nos instrutores, escolhidos a dedo — não são treinadores tradicionais, cada um deles tem um background de artista ou uma especialização, do street dance à dança contemporânea. A equipa é composta por sete instrutores — Solange, Guilherme, Mariana, Gigi, Carlota, Ricardo e Rui —, e cada membro desta família transpõe para as respetivas aulas a sua personalidade, playlist e visão artística à prática do cycling, criando uma experiência que muda a cada sessão, sempre baseada na música e no ritmo.

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São sete os instrutores do espaço, cada um com um tipo de aula distinta

Uwe B. Schlund

“O facto de eles serem tão diferentes entre eles permite que quem faça as aulas consiga também identificar-se com um treinador ou treinadora que encaixe naquilo que as pessoas gostam mais, seja pelos movimentos ou pela música. Acho incrível poder haver esse match”, diz.

Carine e Alexis dão a cada um deles a liberdade necessária para desenharem as suas aulas, com a premissa de que nenhuma é igual, nem as músicas que lhes dão ritmo. A música é, aliás, um pilar central no studiorise. “A música muda a cada aula, podes vir cá a qualquer aula e nunca vais escutar a mesma playlist, não estás sempre a ouvir a mesma durante meses como nos ginásios tradicionais. Sabemos que a música ajuda a motivar as pessoas e era fundamental ter isso em conta”, explica Carine. O sistema de som da sala onde a magia acontece em cima de uma bicicleta é o mesmo usado em muitos clubes noturnos, “para ter um som mais imersivo”.

A experiência no studiorise tem de ser entendida como um todo, do qual fazem parte cada um destes detalhes e mais alguns. O estúdio fica no piso inferior do espaço, junto aos balneários, e assim que se entra a sala já está escura, com alguns focos de luz em locais estratégicos para que os alunos se posicionem nas respetivas bicicletas que reservaram. Ao centro está o palanque do instrutor rodeado com algumas velas acesas que dão uma pista sobre o ambiente intimista que ali se quer criar. Quando tudo está a postos para começar as luzes apagam-se — ficam apenas as chamas das velas —, a música começa e a voz do treinador responsável pela aula começam a fazer-se ouvir. Cada pessoa segue o seu passo, o importante é não perder o ritmo, não se está ali com o foco voltado para o culto do corpo ou para olhar para o que os outros fazem.

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A aula é toda feita às escuras e a sala tem um sistema de som semelhante ao de um clube noturno

Francisco Nogueira

“Estarmos no escuro faz parte da experiência porque não quero que as pessoas olhem umas para as outras, não é esse o objetivo. A aula não é uma competição, tens de estar focado na tua experiência e não na dos outros”, nota Carine, explicando que o estúdio pode levar até 35 pessoas. “Não queremos ser básicos, vamos puxar o conceito de cycling ao máximo, sermos únicos, ser um momento em que te deixes levar. Não é só uma aula, isto tem todo um envolvente especial.”

A aula é quase toda passada de pé na bicicleta, a pedalar com a cadência da banda sonora e a seguir a coreografia pensada para aquele momento em específico. Trabalham-se pernas, abdominais e braços, muitas vezes com pequenos halteres posicionados estrategicamente na bicicleta.

A experiência de espaço premium à qual estão associados não se prende só com as aulas, mas com todo o serviço que é oferecido a quem por ali entra. Carine e Alexis pensaram em todo material que é habitualmente necessário levar para um ginásio e quiseram que os alunos chegassem e saíssem mais leves, exigindo apenas que fossem munidos de roupa de ginásio. O resto ficaria a cargo deles. As sapatilhas de cycling, que encaixam num suporte dos pedais das bicicletas, são fornecidas a cada aluno logo à entrada onde está um painel já preparado com os números de calçado de cada inscrito.

Nos balneários as mordomias continuam.“Eu adoro produtos de beleza, e não posso comprar todos os produtos e ter em casa, então pensei que já que não posso vou tê-los aqui e construir o balneário de sonho”, explica Carine que procurou oferecer produtos para o cabelo, sabão, cremes, óleos, desmaquilhantes ou até elásticos para o cabelo. “Muitas vezes vais ao ginásio e evitas tomar lá banho pela logística toda que requer, e eu queria que fosse o contrário e as pessoas tivessem vontade de aproveitar tudo.”

As toalhas de banho também estão à disposição, assim como as toalhas do treino que estão posicionadas nas respetivas bicicletas.

Studiorise - campo de ourique Studiorise - campo de ourique

Os balneários dispõem de todos os produtos de higiene e beleza necessários e também de toalhas

Francisco Nogueira

“O luxo hoje não é sinónimo de coisas douradas. O conceito de luxo mudou muito, tem a ver com a experiência que tens e de saberes que vai ser única de alguma maneira”, afirma. “Falamos muito de self care e é isto, é chegar aqui e não teres preocupações. Vir aqui poder servir daquele momento para te esqueceres do resto da vida.”

No que diz respeito às marcações, a dupla queria facilitar a vida a todos — tanto à equipa como aos frequentadores do studiorise. Funciona tudo online através do site do espaço onde são feitas as marcações das aulas com um calendário de duas semanas disponível para poder orientar a agenda. Dito isto, é possível escolher, além do dia e da hora, a bicicleta na sala, o treinador — há uma amostra do estilo de playlist que cada um tem para saber ao que vai —, é também pedido o tamanho do calçado para ter logo disponível à chegada, e o pagamento é todo feito digitalmente. Na hora H resta fazer o self-check-in no studiorise e seguir caminho para o escurinho do estúdio.

Os horários e respetivos treinadores das aulas do studiorise mudam regularmente, mas estão sempre atualizados no site, sendo que há sempre sessões no período da manhã, à hora de almoço e ao final da tarde.

A aula de estreia fica por 10 euros, a chamada “starter ride”, e a partir daí cada aula passa a ter um custo de 20 euros (avulso). Os packs são, obviamente, mais compensatórios e o primeiro a ser comprado é o “welcome pack” que dá direito a três aulas (30 euros), o pack de cinco aulas fica por 90 euros, o de 10 aulas por 160 euros, o de 20 por 280 euros e o maior, com 30 aulas de cycle, fica a 390 euros.

Carine explica que “não fazia sentido” terem mensalidades fixas porque “as pessoas querem cada vez menos ter esse tipo de compromisso”, diz. “Ninguém hoje em dia, e sobretudo depois da pandemia, quer estar preso a alguma coisa, muito menos um ginásio. Cada dia que vens queremos que seja melhor para as pessoas, para que queiram voltar, mas que voltem quando querem, quando têm disponibilidade e não para responder a uma mensalidade.”

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Há uma zona de loja no estúdio com marca própria e outras que não existem em Portugal

Francisco Nogueira

O studiorise, que tem grandes janelões para a rua, não se fica pelo estúdio propriamente dito. À entrada há um grande open space à espera de receber uma série de atividades que Carine pretende levar até ali “para criar dinâmicas e oferecer o fator novidade do espaço”. “Quero fazer conversas aqui, não ser só um ginásio. Quero convidar pessoas que tenham conhecimento de uma temática, fazer workshops, ou ter lojas em pop up. No fundo, queremos ser um lab de wellness”, explica.

Existe também uma loja com o merch criado do próprio studiorise com t-shirts, bonés, meias e sweatshirts, e outras marcas que não se vendem em Portugal como é o caso das americanas Girlfriend Collective, de active wear, e a Bala, de acessórios funcionais de fitness, ou os suplementos alimentares da francesa Combeau.

A pensar também no pós treino, Carine e Alexis têm já um expositor de bebidas como kombucha ou água com CBD, e terão em breve um outro só com snacks para levar.

 Rua Correia Teles, 18, Campo de Ourique – Lisboa. 

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