A UAE Emirates tem em Tadej Pogačar uma estrela maior do ciclismo mundial mas não é por ter nas suas fileiras o ciclista esloveno, que aos 23 anos já ganhou duas Voltas a França, que o português João Almeida será “gregário”. Em declarações ao portal Ciclo 21, o diretor desportivo da equipa de ciclismo, Joxean Matxin, foi contundente: o corredor português recém-contratado “não veio para trabalhar para ninguém”.

Esta segunda-feira, em entrevista ao Observador, João Almeida tinha perspetivado a corrida UAE Tour — a primeira do calendário da nova temporada em 2022 — referindo que terá “todo o gosto” em trabalhar para Pogačar e garantindo que nunca vai colocar “objetivos pessoais” à frente da equipa. Agora, o diretor-desportivo da equipa vem garantir que a UAE Emirates não contratou João Almeida pensando no português como um ajudante do esloveno.

Para o diretor-desportivo da UAE Emirates, João Almeida foi contratado como líder de equipa. “Veio para ser um corredor muito importante. O ciclismo moderno vai um pouco na linha de se ter vários líderes e é isso que pretendemos. O João é super inteligente, terá o seu espaço desportivo e será uma referência”, perspetivou Matxin.

“Uma coisa é o João, outra é o João em corrida. Não diria que fico uma besta mas ligo o race mode e é desafiar o corpo até ao limite”

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Sabendo-se já que a aposta para o próximo Tour passará sempre por Pogačar, que tentará defender em julho o seu título de vencedor da Volta à França, a grande dúvida passa agora por perceber que corredores terá João Almeida consigo em maio para atacar o Giro de Italia, uma das três principais provas por etapas do ciclismo mundial (a par do Tour e da Vuelta). Matxin, porém, promete que além de Pogačar também Almeida estará bem acompanhado nas suas provas:

O João terá uma super equipa. Não posso dar nomes porque ainda não falei com os corredores, mas tenho para mim claro que um corredor como o Rui Costa vai ser importante para o João Almeida, porque demonstrou um profissionalismo sublime”, projetou o diretor-desportivo da UAE Emirates.

Além de Pogačar, João Almeida e Rui Costa, a UAE Emirates tem nas suas fileiras ciclistas como Brandon McNulty, David De La Cruz, Juan Ayuso, Davide Formolo, Rafal Majka, Felix Gross, Marc Hirshi, Joseph Dombrowski, Ryan Gibbons, Ivo Oliveira, Rui Oliveira.

No ano passado, ainda sem João Almeida na equipa, a UAE Emirates optou por levar ao Giro ciclistas como Davide Formolo, Valerio Conti, Alessandro Covi, Joe Dombrowski e Fernando Gaviria. Formolo, por exemplo, também competiu no Tour, mas ciclistas como Rafal Majka, Brandon McNulty, Rui Costa e Marc Hirshi ficaram mesmo reservados para a Volta à França.

Este ano a UAE Emirates deverá apresentar-se no Giro com uma equipa ainda mais forte no apoio a João Almeida, que será o líder e que já confessou ao Observador ter vontade de fazer um pódio numa grande Volta — se possível, já no Giro 2022.

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“Pode dar-nos a experiência que tem no Giro” e terá “uma equipa em torno dele”

Deixando ainda elogios a Rui Costa, que tem uma “qualidade indiscutível”, que “ganhou um campeonato do mundo”, que “tem uma visão de carreira incrível” e que considera que pode ser um apoio importante a João Almeida, o diretor-desportivo da UAE Emirates, Joxean Matxin, indicou que o jovem português “pode dar-nos a experiência que já tem do Giro e nós podemos dar-lhe uma equipa em torno dele, para tentar conseguir algo mais com um corredor que já foi líder durante 15 dias“.

A vontade é passar ao corredor luso “confiança” para o aproximar de uma vitória, ainda que Matxin vinque que “não lhe exigimos que faça o que fez o Pogačar, o João Almeida tem de ser o João Almeida e queremos dar passos firmes”.

[“Quero chegar ao pódio no Giro”: a entrevista a João Almeida no programa “Nem tudo o que vai à rede é bola”, da Rádio Observador:]

João Almeida: “Quero chegar ao pódio no Giro”

Ainda que não cite uma declaração contundente e clara nesse sentido do diretor desportivo da UAE Emirates, o portal Ciclo 21 refere que João Almeida deverá fazer duas Grandes Voltas na próxima época, Giro e Vuelta. Em 2021 o ciclista português competiu apenas no Giro, já que uma ida à Vuelta impossibilitaria a participação nos Jogos Olímpicos de Tóquio.

O João é um líder e temos claro para nós que queremos ser competitivos durante todo o ano. A ideia [de o contratar] é tornar a equipa mais forte. O Tour [em julho] deixa-te com pouca margem de manobra para o final da temporada e o Giro oferece todas as possibilidades do mundo. Se fazes um Giro podes fazer uma segunda metade da temporada espectacular; se fazes um Tour tens de o preparar na primeira metade do ano e na segunda [no sétimo mês do ano] estás a disputá-lo”, lembrou o diretor-desportivo da UAE Emirates.

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