O ministro das Infraestruturas afirmou esta terça-feira que as receitas da TAP superam atualmente o previsto no plano de reestruturação e que o facto de ainda não haver aprovação de Bruxelas não põe em perigo a implementação da estratégia.

“O facto de o plano de reestruturação não ter sido ainda aprovado não faz perigar a estratégia, nem a implementação do plano de reestruturação que nós estamos a implementar ao mesmo tempo que o estamos ainda a negociar com Bruxelas [Comissão Europeia], mas ele está a ser implementado”, disse aos jornalistas Pedro Nuno Santos, à margem da assinatura de acordos de colaboração entre as Câmaras Municipais de Gondomar e Baião e o Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU), em Baião.

O ministro realçou que “a verdade é que a TAP hoje tem já um nível de receitas que supera aquilo que estava previsto no plano de reestruturação.”

Questinado sobre o aumento do absentismo dos tripulantes de cabine da TAP, referido pela administração, Pedro Nuno Santos afirmou que a TAP “é uma empresa que vai tendo problemas ou dificuldades circunstanciais que vão sendo superadas pela sua gestão” e que têm de ser encaradas com “naturalidade”.

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Segundo uma mensagem da administração da TAP, no fim de semana, o absentismo dos tripulantes de cabine sofreu um “aumento expressivo, e acima da média”, com baixas de curta duração e ausências, “comunicadas em períodos inferiores a 24 horas”, que afetam a operação da companhia aérea.

“O que acontece é que nós hoje também acompanhamos a vida da TAP — e bem — ao minuto e, por isso, esmiuçamos tudo o que acontece na vida da empresa e, por isso, temos de dar algum caráter de normalidade a uma empresa que está a fazer o seu caminho, mas sobre um momento muito difícil e está a recuperar”, defendeu o governante.

O ministro das Infraestruturas reiterou que o facto de a TAP estar a recuperar dos efeitos da pandemia de Covid-19 é “muito importante para o país”.

Eu quero só lembrar — porque nós precisamos de fazer uma discussão séria sobre o tema — se a empresa não fosse nacionalizada, ela falia. Era disto que estávamos a falar, não era nacionalizar ou ser privatizada, era o Estado intervencionar a empresa, ou ela fechar e falir e isso tinha um impacto muito negativo no país, na recuperação económica do país, na recuperação turística do país e, portanto, na vida dos portugueses”, sublinhou Pedro Nuno Santos.

Em 2020, a TAP voltou ao controlo do Estado, que passou a deter 72,5% do seu capital, depois de a companhia ter sido severamente afetada pela pandemia de Covid-19 e de a Comissão Europeia ter autorizado um auxílio estatal de até 1.200 milhões de euros à transportadora aérea de bandeira portuguesa.

Em 12 de março, o Governo apresentou à Comissão Europeia uma notificação para a concessão de um auxílio intercalar à TAP de até 463 milhões de euros que “permitirá à companhia aérea garantir liquidez até à aprovação do plano de reestruturação”, foi anunciado.

No âmbito do apoio estatal para fazer face às consequências da pandemia, está a ser implementado um plano de reestruturação, que já levou à redução do número de trabalhadores, que ainda aguarda aprovação da Comissão Europeia.

Ambição de aumentar rede ferroviária é superior à disponibilidade financeira

O ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, afirmou esta terça-feira que a ambição em relação ao aumento da rede ferroviária é superior à disponibilidade financeira, referindo-se à extensão da Linha do Douro até à fronteira com Espanha.

“A nossa ambição em relação à extensão da rede ferroviária é superior à disponibilidade financeira e, por isso, à medida que o país for tendo disponibilidade financeira, nós vamos poder avançar”, admitiu aos jornalistas o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, à margem da cerimónia de assinatura de acordos de colaboração entre as Câmaras Municipais de Gondomar e Baião e o Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU), em Baião.

“Neste momento, o que está previsto e para o qual há financiamento é até ao Pocinho”, acrescentou Pedro Nuno Santos, quando questionado sobre a extensão da linha ferroviária do Douro até à fronteira com Espanha, através da ligação a Barca d’Alva, no concelho de Figueira de Castelo Rodrigo.

No entanto, o governante afirmou que “deve ser uma ambição nacional” que a linha se prolongue até Barca d’Alva, para que se possa “beneficiar, potenciar e explorar o rio Douro através da ferrovia”, que considerou ser uma “experiência única” e “muito importante para toda a região”.

Em maio foi formalizado o grupo de trabalho que vai estudar e definir o modelo de reabertura do troço da Linha do Douro, entre o Pocinho e Barca d’Alva, devendo apresentar as conclusões em 14 meses.

Este grupo vai estudar e delinear o modelo de reabertura do troço ferroviário de 28 quilómetros que foi encerrado em 1988, é coordenado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), e junta ainda dois autarcas, em representação da Comunidade Intermunicipal do Douro e elementos da Infraestruturas de Portugal (IP).