Paulo Rangel já só pensa nas legislativas. Na apresentação da moção estratégica, esta segunda-feira na sede do PSD, fez questão de dizer que o documento é apenas o primeiro esboço do “programa eleitoral” que apresentará “daqui a um mês, como candidato a primeiro-ministro”. Para já, ficam propostas mais genéricas, mas com prioridades claras: a descida dos impostos (como o IRC), a criação de uma agência contra a corrupção, aumentar a eficácia da justiça, uma cobertura integral da rede do pré-escolar e ter um Conselho de Ministros mensal com a presença dos presidentes das CCDR.

O candidato à liderança do PSD diz que continua focado em vencer as eleições e ter uma “maioria estável, de preferência, absoluta” ou, em alternativa com CDS e IL. Sobre o facto de ver um Governo minoritário seu viabilizado pelo PS ou o contrário, Rangel lembra que “desde 1976, o PSD já viabilizou vários governos minoritários do PS e orçamentos, mas nunca sucedeu o contrário até hoje“. Rangel não admite, mas também não descarta liminarmente compromissos com o PS: diz que não pensa nisso.

Para Rangel o cenário pós-eleitoral “não é um tabuleiro de xadrez: a política para quem o leva a sério não é um tabuleiro de xadrez, em que andamos a fazer contas aritméticas.” Mas para já coloca apenas três partidos fora de entendimentos com um partido liderado por si: “Temos uma linha vermelha para o Chega, como temos também para o BE e o PCP, como gostaríamos que o PS também tivesse para esses partidos”. Deixa apenas claro que não é desejável que o PSD dê a mão a um Governo PS: “Não se pretende ser um apoio de recurso ao PS”.

Sobre a criação de uma comissão de ética no PSD — outra proposta que tem na moção de estratégia — Rangel alega que é necessária “transparência na vida pública” e que “há reformas internas a fazer no partido.” Questionado sobre se isto era a versão rangelista do “banho de ética” pedido por Rui Rio, não resistiu a mandar uma bicada ao adversário: “A diferença entre a comissão de ética e expressões como banho de ética marca a bem a diferença”.

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