Utentes da Ponte 25 de Abril estão a realizar um buzinão na manhã desta quinta-feira para mostrar a sua insatisfação com o aumento do preço dos combustíveis, disse Aristides Teixeira, da associação que convocou o protesto.
Em declarações à agência Lusa, o presidente da Associação Democrática de Utentes da 25 de Abril disse que os automobilistas estavam cerca das 08h10 desta quinta-feira a aderir ao protesto, que tem como lema “Em vez de mitigar (ludibriar) há que baixar os preços e é para isso que buzinaremos”.
“Os preços dos combustíveis têm de baixar para pelo menos 1,50 euros para a gasolina e 1,30 para o gasóleo, para que as pessoas possam retomar um pouco da sua vida […]. Claro que nos avançam com a ideia paradisíaca de que a partir de abril isto vai melhorar, mas e até lá? E será que vai melhorar a partir de abril? Mas, mesmo que os preços baixassem por causa das petrolíferas, até lá vamos continuar nesta escalada de aumento do custo de vida. É completamente insuportável“, disse.
Aristides Teixeira destacou também que faz todo o sentido fazer este protesto na ponte porque a denominada Margem Sul (do Tejo, no distrito de Setúbal) é das regiões mais pobres do país e ainda tem portagens a pagar para chegar à capital para estudar ou trabalhar.
A Ponte 25 de Abril tem 2.277 metros de comprimento, fazendo a ligação das margens norte (Lisboa) e sul (Almada, distrito de Setúbal) do Tejo.
Sobre os incentivos anunciados pelo Governo, Aristides Teixeira classificou-os como “manobra de ilusionismo”.
Para fazer face à subida do preço dos combustíveis, o ministro das Finanças, João Leão, anunciou em outubro que as famílias iriam passar a receber, através do IVAucher, 10 cêntimos por litro de combustível até um limite de 50 litros por mês, uma medida que vai ser aplicada entre novembro e março.
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“Foi uma medida de grande complexidade e sem qualquer expressividade do ponto de vista prático. Veio a ser usada por uma reduzida parte da população, aquela que consegue andar a pesquisar quais são as gasolineiras que fazem e também as que têm alguma destreza na parte da informática”, sublinhou.
Na opinião de Aristides Teixeira, esta é uma situação inaceitável e, por isso, os utentes decidiram manifestar novamente a sua indignação.
“Nós, os portugueses, somos os lesados dos combustíveis porque mesmo esses, os que vão utilizando os Autovoucher, o dinheiro que recebem em nada tem a ver com o dinheiro que gastam por causa do aumento dos combustíveis, porque os produtos essenciais aumentaram”, disse.
O presidente da Associação Democrática de Utentes da 25 de Abril, sublinhou que o aumento do preço dos combustíveis se reflete, entre outros, nos bens alimentares, como o pão, que já sofreu um aumento na semana passada.
“Reflete-se em todos os produtos de consumo que as empresas estão a fazer com que os contribuintes paguem. Daí que este ato de ilusionismo que o Governo fez em antecipação às festas de circo de Natal em nada nos enganaram, porque o auditório do ilusionismo e dos circos são as crianças e nós já somos adultos, portanto o Governo mais uma vez errou e perante isto viemos manifestar novamente a nossa indignação”, salientou.
Além do IVAucher, o Governo aprovou um conjunto de medidas de compensação para as empresas de transporte de passageiros, face à escalada do preço dos combustíveis.
Este apoio extraordinário ao setor abrange todos os veículos de transportes públicos rodoviários de passageiros – autocarros e táxis – licenciados pelo Instituto de Mobilidade e Transportes (IMT) e corresponde a 10 cêntimos por litro.
A medida irá suportar em 190 euros cada táxi (assumindo consumos de 380 litros mensais) e em 1.050 euros cada autocarro (assumindo consumos de 2.100 litros de combustível por mês).