O Presidente da República defende que a não aprovação do Orçamento do Estado para 2022, que provocou a crise política e a convocação de eleições antecipadas, não irá atrapalhar a recuperação da economia portuguesa. Marcelo Rebelo de Sousa sustentou esta posição nas projeções de crescimento divulgadas esta quarta-feira pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) que apontam um crescimento para Portugal de 5,8% no próximo ano.

Leão diz que estimativas da OCDE dão “sinal claro” da credibilidade do país

As declarações do Presidente da República foram feitas na abertura do 46º Congresso da Associação Portuguesa das Agência de Viagens e Turismo que se realiza de 1 a 3 de dezembro em Aveiro e são uma resposta à preocupação manifestada por dirigentes do setor turístico sobre o impacto da crise política numa altura que é crucial para a retoma da economia e da atividade que Marcelo Rebelo de Sousa procurou desdramatizar.

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Defendeu que a execução dos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência não será travada pela não aprovação do Orçamento para 2022 — um argumento que usou quando avisou os partidos que iria dissolver o Parlamento se não aprovassem o OE — e afirmou que o Orçamento do próximo ano será aprovado até ao final do primeiro semestre. E afirmou que a “governabilidade e a sustentabilidade vão estar presentes na viabilização de um futuro Governo, qualquer que seja, e na viabilização do Orçamento do Estado, qualquer que seja o Executivo que o proponha”, na sequência das legislativas de 30 de janeiro.

Para o Presidente da República, a decisão mais difícil que teve de tomar foi a declaração do estado de emergência. “É mil vezes mais complexo do que dissolver uma assembleia”.

Setor pede continuação do apoio à retoma até à Páscoa

No abertura do congresso anunciado como o do reencontro — depois da interrupção motivada pela pandemia e ainda com muita incerteza sobre o que significa a nova variante para a retoma do setor — o presidente da APAVT, Pedro Costa Ferreira, disse: “Sentimo-nos um pouco abandonados pelos políticos”. ”

“A retoma será lenta, desigual e assimétrica.Por outro lado será precisamente no momento do regresso, que as necessidades de tesouraria serão mais óbvias. Este é, por outras palavras, o momento de maior risco para o sector e para a recuperação económica do País. Não sabemos dizer isto de outra forma, esperávamos dos políticos mais capacidade de entendimento, mais foco nos problemas reais das pessoas e das empresas, mais criatividade e capacidade de construção das soluções necessárias e não a emergência de uma crise política”.

Avisando que o tempo está a fugir, o dirigente pediu a continuação do apoio à retoma, pelo menos até à Páscoa.

O presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP), Francisco Calheiros focou-se mais no futuro, mas com uma nota de reflexão vinda do passado. “Temos que ter a noção de que há cerca de 20 anos que o país não cresce” e pediu um um Governo de estabilidade, virado para a economia e empresas, que “pegue na carga fiscal e a reduza, que arrisque e tenha coragem e que faça bom aproveitamento dos fundos da UE. Já Ribau Esteves, o presidente da Câmara de Aveiro, a cidade anfitriã deste congresso, criou duas expressões alusivas a governos minoritários socialistas para manifestar o seu desejo por estabilidade política.

“Que os verbos geringonçar e guterrar não façam parte dos próximos quatro anos”, pediu o autarca eleito pelo PSD/CDS/PPM.