O Presidente russo, Vladimir Putin, propôs esta quarta-feira à NATO iniciar negociações para evitar o alargamento da Aliança Atlântica para o leste da Europa, perto das fronteiras da Rússia.

“No diálogo com Estados Unidos e seus aliados insistiremos em alcançar acordos concretos que excluam uma maior expansão da NATO para leste e que coloque sistemas de armamento que nos ameacem perto do território da Rússia”, afirmou durante uma cerimónia para receber as cartas credenciais de vários embaixadores no Kremlin.

“Nesse sentido, propomos o início de negociações substanciais”, disse Putin, salientado que a Rússia precisa de “garantias legais” dado que há países ocidentais “que não cumprem os compromissos verbais”.

“Em particular, todos conhecem as promessas verbais de que a NATO não iria expandir-se a leste, mas o que aconteceu foi exatamente o contrário. Em resumo, as legítimas preocupações russas em matéria de segurança foram ignoradas e agora continuam a ser”, afirmou.

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Putin referia-se ao alargamento a países que integraram o antigo bloco comunista, como Polónia, Hungria, República Checa, Bulgária, Roménia, Eslováquia, Eslovénia, Lituânia, Estónia e Letónia.

“Não vamos pedir nenhuma condição especial. Entendemos que qualquer acordo deve ter em conta inevitavelmente tanto os interesses da Rússia como o de todos os países euro-atlânticos. A situação de tranquilidade e estabilidade deve ser garantida a todos (…) sem exceção”, acrescentou.

Putin disse ainda que alguns países estão a tentar conter o desenvolvimento da Rússia recorrendo a sanções e instigando a tensão nas suas fronteiras.

“A ameaça nas nossas fronteiras ocidentais está a aumentar. Basta olhar para ver como está perto das fronteiras russas a infraestrutura militar da Aliança Atlântica. Para nós, isto é muito grave”, continuou. Por isso, explicou, Moscovo está a adotar medidas “técnico-militares”, embora tenha insistido que acusar a Rússia de ameaçar alguém é, “no mínimo, irresponsável”.

Putin pediu há duas semanas ao ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, para negociar com o Ocidente “garantias de segurança a longo prazo”.

A Rússia tem sido acusada nas últimas semanas de concentrar mais de 90 mil soldados perto da fronteira ucraniana com o fim de invadir o país vizinho durante o inverno.