Os cidadãos norte-americanos que vivem em municípios onde Donald Trump teve melhores resultados eleitorais nas presidenciais de 2020 têm uma probabilidade de morrer de Covid-19 cerca de três vezes maior do que aqueles que vivem em lugares onde o atual Presidente, Joe Biden, teve maior força eleitoral, segundo um estudo da NPR publicado esta semana.
Os autores do estudo, que se focou no modo como a polarização política e a desinformação influenciaram as mortes por Covid-19 nos Estados Unidos, analisaram os dados da mortalidade — número de mortes por 100 mil habitantes — em cerca de 3 mil municípios norte-americanos (a quase totalidade do país), a partir de março 2021, altura em que as vacinas contra a Covid-19 começaram a ser distribuídas em massa no país.
A conclusão central? Nos municípios onde Donald Trump teve 60% dos votos ou mais, a taxa de mortalidade foi, em média, 2,78 vezes a dos municípios onde Joe Biden teve 60% dos votos ou mais. Em municípios onde a votação em Trump foi ainda mais expressiva, registaram-se taxas de mortalidade ainda maiores. De acordo com o estudo, esta tendência manteve-se mesmo quando aos resultados foi retirado o fator idade.
O estudo descortina, também, um dos fatores centrais para esta discrepância: a diferença na taxa de vacinação. A tendência geral encontrada foi a de que quanto maior a expressão eleitoral de Trump num dado município, menor a taxa de vacinação nesse lugar. Os autores do estudo lembram, porém, que esta análise foi puramente geográfica e não permite retirar conclusões sobre o posicionamento político de cada pessoa que morreu ou que recusou ser vacinada.
Ainda assim, este estudo vai ao encontro de outras análises realizadas no país, por exemplo, em relação à caracterização ideológica dos norte-americanos não vacinados: 60% são republicanos, mas apenas 17% são democratas.
O ex-presidente norte-americano Donald Trump foi, durante vários anos, um cético das vacinas, chegando a sugerir que as vacinas causavam autismo às crianças. Durante a pandemia da Covid-19, Trump relativizou várias vezes a real gravidade da doença — e, quando começou o processo de vacinação nos EUA, os apoiantes de Donald Trump compunham a maioria dos céticos.