Arrancaram oficialmente as legislativas no PS. No Porto, numa tarde de conferências temáticas e com a presença do líder António Costa, o partido começou este domingo a preparação da proposta eleitoral, mas também nas investidas sobre Rui Rio: à sua ação mais recente e ao seu eleitorado.

Manuel Pizarro, líder do PS-Porto, tomou a palavra no centro de congressos da Alfândega e não teve meia medida. Pegou no que o líder do PSD sugeriu este domingo, ao relacionar a detenção de João Rendeiro na África do Sul com o calendário eleitoral, e acusou-o de “falta de sentido de Estado”. 

Rui Rio sugere que calendário eleitoral influenciou prisão de Rendeiro

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“Rui Rio está irritado com a PJ por causa de João Rendeiro? A PJ devia estar condicionada por estarmo em período pré-eleitoral?”, questionou Pizarro observando a “estranha inversão de valores ou a falta de sentido de Estado” do líder do PSD. O socialista disse mesmo estar “espantado” que Rui Rio “fique zangado” com a detenção do antigo banqueiro. “Anda mesmo ao contrário do resto dos portugueses. Estamos todos orgulhosos pela PJ ter posto as mãos num criminoso que andava a monte”, afirmou.

O socialista deu o parabéns à PJ, tal como António Costa já tinha feito este sábado, e disse que isso não se trata de “populismo”, mas antes provar que “a justiça é igual para todos”.

Depois de Manuel Pizarro, no palco socialista do Porto falou o diretor do gabinete de estudos do partido, Porfírio Silva que atacou a direita que “critica os serviços públicos quando está na oposição e corta-os quando está no poder”. Mas deu um sinal ao centro, ao reclamar que “para os socialistas democráticos, o Estado não tem de ser, não pode ser hostil à iniciativa individual e social, à diversidade, à diferença, mas não podemos realizar-nos sozinhos”.

“Muitos repetem a frase: a liberdade de cada um termina onde começa a do outro. À primeira vista soa bem, mas está profundamente errada”, defendeu o socialista na abertura dos trabalhos dizendo que “ninguém teria liberdade sozinho no mundo” e que “a liberdade de cada um começa onde começa a liberdade do outro”.

O socialista que está a coordenar, a par de Mariana Vieira da Silva, os contributos para a proposta eleitoral do PS ressalvou, no entanto, que também importa “valorizar os salários e o serviço público”. E acrescentou que “a lógica do consumo individual não garante, por si só, o acesso a bens e serviços essenciais, é preciso provisão pública e organização coletiva”.