Os EUA acusaram esta segunda-feira a Federação Russa de impedir a mais importante instância internacional para a manutenção da paz e a segurança de avançar no combate às alterações climáticas.
As acusações, constantes de comunicado divulgado pela embaixadora norte-americana na Organização das Nações Unidas, Linda Thomas-Greenfield, foram feitas depois de os russos terem vetado uma resolução do Conselho de Segurança sobre as relações entre alterações climáticas e conflitos.
“A crise climática é uma crise de segurança — uma das mais urgentes do nosso tempo. É uma ameaça para todas as pessoas, em todos países, em todos os continentes. Razão pela qual combater a crise climática é uma das principais prioridades para o nosso governo. Como disse o secretário-geral (da ONU), António Guterres: Ou a paramos, ou ela para-nos”, disse a diplomata norte-americana.
Na quinta-feira, durante a discussão do documento, o embaixador russo na ONU, Vassily Nebenzia, tinha rejeitado qualquer abordagem transversal do Conselho de Segurança a esta temática, e repetiu esta segunda-feira que a resolução era “inaceitável”.
“Para nós, o elo entre terrorismo e alterações climáticas está longe de ser evidente“, insistiu.
Para Nebenzia, a recusa da resolução também permite evitar “a confusão e a duplicação” com outros fóruns sobre o aquecimento global.
Thomas-Greenfield rejeitou que a resolução, agora vetada, minasse o Acordo de Paris ou a Convenção-Quadro da ONU sobre as Alterações Climáticas.
E contrapôs que “apenas o Conselho de Segurança pode garantir que os impactos das alterações climáticas são integrados no trabalho crítico de prevenção e mitigação de conflitos, construção e manutenção de paz, redução de desastres e resposta humanitária”.
Na sua opinião, acrescentou, “dada a dimensão do desafio, esta resolução era o mínimo que podíamos fazer”.
A embaixadora terminou o seu comunicado com um tom otimista, ao realçar que “a clara maioria dos Estados-membros da ONU apoia a ação do Conselho de Segurança neste assunto”.
O texto contou com o voto favorável de 12 dos 15 membros do Conselho de Segurança. Votaram contra a Federação Russa e a Índia; a China absteve-se.
O projeto de resolução foi redigido pelo Níger e pela Irlanda e copatrocinado por 113 dos 193 membros da Assembleia Geral da ONU.