A inflação nos Estados Unidos da América atingiu, em novembro, 6,8%, o nível mais alto de quase 40 anos, acima dos 6,2% de outubro. A inflação core (que não conta a energia e produtos alimentares) subiu para uma taxa anual de 4,9% em novembro. Nas projeções económicas a Fed acaba, agora, por rever em alta os valores para a inflação deste ano — apontando agora para os 5,3% em 2021 — e para 2022 — para os 2,6%. A core situar-se-á, este ano, nos 4,4% e em 2022 nos 2,7%.
No comunicado feito esta quarta-feira, depois da reunião de política monetária, a Fed já retirou das suas justificações a palavra “temporário” para a inflação. Até há pouco mantinha que o aumento de preços ao consumidor era temporário. Agora, ainda que não utilize no comunicado a palavra, vai dizendo acreditar que “o ritmo de desenvolvimento da economia continua a depender da evolução do vírus. O progresso na vacinação e o aligeira dos constrangimentos nas cadeias de abastecimento deverão suportar os ganhos continuados na atividade económica e no emprego, assim como reduções na inflação”. No entanto, alerta que os “riscos nas projeções económicas continuam, incluindo os derivados das novas variantes”.
É este prognóstico que justifica que a Fed tenha anunciado uma mais rápida retirada dos estímulos económicos, nomeadamente a compra de ativos nos mercados. Assim, a Fed vai, a partir de janeiro, reduzir as compras de ativos em 30 mil milhões de dólares por mês, o que significa que concluirá o estreitamento (tapering) do programa em março, três meses antes do inicialmente previsto. Desde novembro que o ritmo de redução está nos 15 mil milhões. Serão reduzidos 20 mil milhões de dólares em títulos de dívida pública norte-americana e 10 mil milhões em títulos hipotecários.
EUA. Reserva Federal começa processo de retirada dos estímulos monetários à economia
Com isto, a Fed prepara-se para começar a subir as taxas de juro e sinaliza desde já a possibilidade de subir os juros por três vezes em 2022, continuando a subir em 2023 — antecipando-se igualmente três subidas — e em 2024 — dois aumentos.
Em conferência de imprensa, o presidente da Fed, Jerome Powell, explicou que “a economia já não precisa de montantes elevados de apoios”, disse, citado pela Reuters.