Para uns, tratou-se de um pedido de Lewis Hamilton à própria equipa. Para outros, mais não foi do que o assumir junto dos especialistas de que era um beco sem saída. Para outros ainda, resultou apenas do passar das horas necessárias para não tomar decisões de cabeça quente. Por algumas destas razões ou por todas em simultâneo, a realidade mudou e, cerca de 80 horas depois, o machado de guerra foi de vez enterrado: a Mercedes decidiu não avançar para o último recurso e assumiu a vitória de Max Verstappen.

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De recordar que, depois do acidente de Latifi e do desejo por parte dos comissários de corrida em que se fizesse mais uma volta lançada depois da saída de cena do safety car, a equipa alemã, que através do seu diretor Toto Wolff já tinha manifestado a discordância com a decisão tomada de permitir que Hamilton e o neerlandês voltassem à corrida colados, apresentou dois protestos formais por alegadas quebras dos artigos 48.8 e 48.12 do Regulamento Desportivo da Federação Internacional de Automobilismo (FIA).

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Cerca de três horas depois, a FIA recusou o primeiro protesto. “Foram considerados os argumentos apresentados por ambas as partes [Mercedes e Red Bull]. Os comissários de corrida determinaram que apesar de o carro 33 ter, num determinado momento, por um breve período de tempo, se adiantado ao carro 44, numa altura em que os dois carros estavam a acelerar e a travar, voltou novamente para trás do carro 33 e não estava à sua frente quando o período de safety car terminou”, explicou. Mais tarde, também o segundo protesto foi também recusado. Apesar disso, a Mercedes tinha ainda a possibilidade de, até esta quinta-feira, recorrer da decisão para o Tribunal de Grande Instância de Paris.

A ameaça passou mesmo à prática: Mercedes apresentou protestos, FIA recusou e Max Verstappen está confirmado como campeão

“Saímos de Abu Dhabi sem acreditar no que tínhamos acabado de testemunhar. Claro, faz parte do jogo perder uma corrida, mas é algo diferente quando se perde a fé nas corridas. Em conjunto com o Lewis [Hamilton], deliberámos cuidadosamente sobre como responder aos eventos no final da temporada da Fórmula 1. Sempre fomos guiados pelo nosso amor por este desporto e acreditamos que todas as competições devem ser vencidas por mérito. Na corrida de domingo, muitos sentiram, inclusive nós, que a forma como as coisas se desenrolaram não estava correta”, referiu a equipa em comunicado.

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“O motivo pelo qual protestamos contra o resultado da corrida no domingo foi porque os regulamentos do safety car foram aplicados de uma nova maneira que afetou o resultado da corrida, depois de o Lewis estar na liderança e a caminho de ganhar o Mundial. Apelámos no interesse da justiça desportiva e, desde então, temos mantido um diálogo construtivo com a FIA e a Fórmula 1 para criar clareza para o futuro, de modo a que todos os competidores conheçam as regras sob as quais correm e como serão aplicadas . Assim, saudamos a decisão da FIA de criar uma comissão para analisar minuciosamente o que aconteceu em Abu Dhabi e para melhorar a robustez das regras, governance e tomada de decisão na Fórmula 1. Também agradecemos que tenham convidado equipas e pilotos para isso”, prosseguiu.

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Ao Max Verstappen e à Red Bull Racing, gostaríamos de expressar nosso sincero respeito por suas conquistas nesta temporada. Fez desta luta pelo título do Campeonato de Fórmula 1 algo verdadeiramente épico. Max, damos-te os parabéns a ti e à tua equipa. Estamos ansiosos para levar a luta para a pista na próxima temporada”, salientou a mesma missiva.

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“Por último, embora este Campeonato não tenha terminado como esperávamos, não poderíamos estar mais orgulhosos da nossa equipa. Lewis, és o maior piloto da história da Fórmula 1 e deixaste o teu coração em cada volta desta temporada incrível. És um desportista impecável dentro e fora das pistas e tiveste um desempenho impecável. Como um concorrente puro e um modelo para milhões de pessoas em todo o mundo, saudamos-te”, acrescentou ainda, entre outros elogios a Valtteri Bottas e à equipa, que em Abu Dhabi, na última prova do ano, confirmou o oitavo título consecutivo no Mundial de construtores.