“A velocidade da Mercedes está incrível. Precisamos de um milagre para conseguir”. Chris Horner tinha tentado um pouco de tudo para a Red Bull não ficar atrás de Lewis Hamilton depois da saída fabulosa do britânico na partida. A tática de trocar mais cedo de pneus, a forma como Sergio Pérez aguentou a certa altura o primeiro lugar travando o carro da Mercedes, a maneira como quando houve o primeiro safety car virtual Verstappen veio logo trocar de pneus. No entanto, e a oito voltas do final, o título começava a ficar entregue. O tal “milagre” aconteceu, com Latifi a deslumbrar-se depois de uma passagem na corrida dos últimos e a bater no muro após a curva 14. Começava aí a desenhar-se o que ninguém imaginava.

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Os comissários de corrida voltaram a andar para trás e para a frente nas decisões, algo que já se passara logo na primeira volta quando Hamilton segurou a primeira posição saindo de pista depois de um pequeno choque com Verstappen. Contas feitas, quase de surpresa, haveria uma volta para decidir o Mundial e com os pilotos a saírem colados. Aí, o neerlandês acabou por ser mais forte com pneus novos, chegou à frente, guardou por duas ocasiões a liderança e sagrou-se mesmo campeão perante a verdadeira loucura não só da Red Bull mas também das bancadas pintadas de laranja que uns minutos antes pareciam ter perdido um pouco a esperança. Do outro lado, Toto Wolff, diretor da Mercedes, continuava louco a queixar-se daquela que foi a decisão tomada na última volta e Hamilton nem conseguia sair do carro.

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“Podemos fazer isto dez ou 15 anos, amo-vos a todos!”, atirava Max pela comunicação depois de ter ouvido aquilo que a certa altura parecia impossível: “És o campeão mundial de Fórmula 1″. Jos Verstappen, pai e também ele antigo piloto, já tinha a camisola comemorativa do título tal como Kelly Piquet, namorada do neerlandês e filha de outro campeão mundial, Nélson Piquet. Muitos abraços, lágrimas com fartura, Chris Horner efusivo como não se via desde os tempos de Vettel, Max sempre de capacete a cumprimentar tudo e todos antes de agarrar numa toalha para disfarçar a emoção que lhe ia nos olhos, Hamilton a tentar passar despercebido à chegada mas a ser cumprimentado entre abraços por todos os outros pilotos.

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Tudo com grande espírito de fair play, como tinha acontecido na vésperada, que teve como ponto alto um abraço forte do pai de Lewis Hamilton a Max e Jos Verstappen antes de os dois pilotos se cumprimentarem para aplausos de todos os que estavam à volta. Mesmo havendo a possibilidade de protesto por parte da Mercedes, tudo acabava bem e com estados de espírito diametralmente opostos.

“É inacreditável, lutei durante toda a corrida, tive a minha oportunidade na última volta. É de loucos. Não sei o que dizer, a minha equipa, as pessoas em casa, todos eles merecem. Este ano tem sido incrível. Finalmente houve um pouco de sorte para mim. Obrigado também ao Checo, foi um grande trabalho de equipa. Quero ficar com a Red Bull nos próximos dez ou 15 anos, para sempre na minha vida”, referiu Max Verstappen nas primeiras declarações em conversa com o ex-campeão Jenson Button.

“Parabéns ao Max e à equipa. Fizemos um grande trabalho. A equipa trabalhou tanto, foi o ano mais complicado. Muito orgulhoso e agradecido. Demos tudo, nesta última parte nunca desistimos e isso é o mais importante. Tenho-me sentido muito bem no carro, principalmente neste final de campeonato. Agora só quero que tenham cuidado com pandemia, tenham um bom Natal e para o ano logo se vê”, atirou Lewis Hamilton, visivelmente desiludido com o resultado e a deixar o futuro em aberto.