O secretário-geral do PCP advertiu esta quinta-feira que nas eleições legislativas antecipadas poderão estar em causa os progressos alcançados em matéria de direitos laborais nos últimos anos e prometeu que a CDU vai combater quaisquer tentativas de retrocessos.
“Não há futuro para um país baseado em baixos salários. Não é aceitável que se empobreça a trabalhar”, disse Jerónimo de Sousa, durante uma sessão pública intitulada “Valorizar o trabalho e os trabalhadores — Lutar pelos interesses de classe, defender e conquistar direitos”, em Lisboa.
O líder comunista fez uma retrospetiva dos últimos anos e das conquistas alcançadas desde 2015 em matéria de direitos laborais, mas criticou o que ficou por fazer, como, por exemplo, o aumento do salário mínimo para os 850 euros, impossibilitado pela “intransigência” do PS.
O PCP pediu ao Governo para adotar uma aproximação progressiva aos 855 euros, “que passava pela fixação dos 755 euros em janeiro de 2022 e de 800 euros no final de 2022. Esta posição foi repetidamente rejeitada pelo PS, que não foi além dos 705 euros, divergindo assim crescentemente com outros países”, sustentou.
Na ótica do dirigente comunista, a valorização dos salários e o combate à precariedade são indissociáveis da revogação da caducidade da contratação coletiva e da aplicação do princípio do tratamento mais favorável.
Qual é a consequência concreta destas normas que o PS insiste em não revogar? Deixar os trabalhadores mais fragilizados nos seus direitos, mais sujeitos aos abusos e arbitrariedades do patronato, à desregulação dos horários, mais expostos aos baixos salários”, completou.
O membro do Comité Central do PCP disse que “pensaram as eleições para tramar a vida aos trabalhadores, aos reformados, aos jovens” e para “impedir a resposta aos problemas dos trabalhadores, para travar soluções, para promover retrocessos”.
“Mas nós estamos atentos aos perigos e determinados a combatê-los”, sustentou.
A Coligação Democrática Unitária, prosseguiu, “tem um compromisso inquebrantável com os trabalhadores e o povo”, que está “na massa do sangue” dos partidos que a compõem (PCP e PEV) e, por isso, estão “prontos para os combates” em 30 de janeiro.