Quinze países envolvidos na luta contra os jihadistas no Mali, incluindo Portugal, denunciaram esta quinta-feira o destacamento de mercenários da empresa privada russa Wagner naquele país e o envolvimento do Governo da Rússia no apoio logístico.
“Condenamos veementemente o envio de mercenários para o território do Mali”, salientaram 14 países europeus, incluindo Portugal, Reino Unido, França e Alemanha, além do Canadá, num comunicado conjunto, segundo a agência noticiosa espanhola EFE.
As nações Ocidentais denunciaram ainda “o envolvimento do Governo russo no fornecimento de material ao grupo Wagner no Mali”.
A França tinha indicado anteriormente que a presença no Mali de paramilitares russos da Wagner seria “incompatível” com a continuidade de militares franceses naquele país, mas o comunicado não refere qualquer ameaça dos países signatários a Bamako sobre a saída das forças estrangeiras.
As autoridades do Mali já tinham ameaçado recorrer ao grupo de mercenários após a decisão da França de reduzir o seu dispositivo militar no país.
Fonte do Governo francês explicou à agência France-Presse que decorreram várias operações com aviões de transporte militar pertencentes ao Exército russo nas instalações do aeroporto de Bamako, que permitiram a chegada de um número significativo de mercenários, a visita de administradores da Wagner e atividades promovidas por geólogos russos conhecidos pela sua proximidade a esta empresa de segurança.
“Apelamos à Rússia para que se comporte de forma responsável e construtiva na região”, salientam os países no comunicado que é ainda assinado pela Bélgica, Dinamarca, Estónia, Itália, Lituânia, Noruega, Holanda, República Checa, Roménia e Suécia.
Estas nações dão apoio aos militares do Mali.
Este destacamento [de mercenários] só pode acentuar a deterioração da situação de segurança na África Ocidental, levar a um agravamento da situação dos direitos humanos no Mali (…) e dificultar os esforços da comunidade internacional para garantir a proteção dos civis e apoiar as forças armadas do Mali”, assinalam.
O comunicado é dirigido à junta militar no poder no Mali a quem apelam para que se organizem eleições “o mais brevemente possível”.
Os 15 países reafirmaram, por outro lado, “a determinação em continuar a missão de proteger os civis, apoiar a luta contra o terrorismo no Sahel e ajudar a estabelecer uma estabilidade a longo prazo”.
O Governo do Mali, que se encontra num processo de transição após dois golpes de Estado em menos de um ano, não controla grande parte do país, particularmente o norte e o centro, onde a administração central está praticamente ausente, e os ataques realizados por diferentes grupos jihadistas estão a aumentar.
A Comunidade de Estados de África Ocidental (Cedeao) pressionou na terça-feira o Governo de transição do Mali a estabelecer um calendário até ao final do ano que leve à celebração de eleições em fevereiro, como se tinha comprometido.