A Europa está novamente a braços com mais uma onda de Covid-19. Seis países atingiram esta terça-feira um novo máximo de casos diários desde o início da pandemia, incluindo Portugal. Com a variante Ómicron e o período festivo pelo meio, o continente europeu está, aos poucos, a tornar-se novamente o epicentro da pandemia.
Para travar a escalada de casos, vários dirigentes europeus têm imposto novos confinamentos parciais (como o regresso do teletrabalho ou o encerramento de espaços de lazer) e têm restringido os espaços públicos a vacinados. Alguns estudos têm demonstrado que a variante Ómicron é menos severa, mas o aumento de casos poderá colocar ainda mais sob pressão vários sistemas nacionais de saúde.
Apesar de novo máximo, Inglaterra sem novas restrições até ao Ano Novo
O Reino Unido voltou esta terça-feira a atingir um novo máximo de casos de Covid-19 — o país registou 129.471 novos casos de Covid-19, dados que se referem apenas a Inglaterra e País de Gales, sendo que este número não inclui a Irlanda do Norte e a Escócia, uma vez que a recolha de dados nestes territórios foi interrompida devido aos feriados.
O país, o mais afetado na Europa pela pandemia, registou ainda 18 mortes nas últimas 24 horas, elevando o total para 148.021. Quando às hospitalizações, o Reino Unido contabiliza mais de 8.240 doentes nas enfermarias e quase 1.200 pessoas nas unidades de cuidados intensivos (UCI), o maior número desde março.
Porém, o ministro da Saúde britânico, Sajid Javid, anunciou na segunda-feira que Inglaterra não vai tomar mais nenhuma medida de combate à pandemia até janeiro, informação confirmada por Boris Johnson na sua conta pessoal do Twitter.
We will continue to monitor the data carefully, but there will be no new restrictions introduced in England before the New Year. 1/2
— Boris Johnson (@BorisJohnson) December 27, 2021
O primeiro-ministro pediu a que as pessoas se mantenham “cautelosas” devido ao aumento de casos pela variante Ómicron, apelando ainda à vacinação.
França regista quase 180 mil novos casos
As autoridades francesas registaram esta terça-feira quase 180 mil novos casos diários de Covid-19, um novo máximo no país, elevando a cerca de 90 mil a média diária de novos casos nos últimos sete dias.
Em concreto, França registou 179.807 novos casos de Covid-19 nas últimas 24 horas, com a pressão hospitalar também a subir, havendo já 17.405 pessoas nos hospitais franceses devido ao vírus, dos quais 3.416 internados em UCI.
Nas últimas 24 horas, morreram ainda 290 pessoas em França devido a complicações associadas com a Covid-19, ainda segundo os dados das autoridades sanitárias francesas.
O Governo reconheceu na noite de segunda-feira que os números da pandemia podem chegar a 250 mil novos casos diários de Covid-19 no início de janeiro, e apresentou novas medidas de combate ao vírus que, devido à variante Ómicron, voltou a colocar em alerta o país. Entre as principais medidas estão o regresso ao teletrabalho e o cancelamento de todos os concertos previstos para esta época festiva.
No entanto, não foram adotadas medidas mais severas, como um recolher obrigatório ou confinamento para as festividades de Ano Novo. A outra aposta do Governo francês é a vacinação e nesta terça-feira foram vacinadas quase 700 mil pessoas, das quais 50 mil pela primeira vez.
Itália atinge 78 mil casos e internamentos sobem
Nas últimas 24 horas, as autoridades italianas contabilizaram 78.313 casos de Covid-19, o maior número de contágios diários desde o início da pandemia. Foram ainda reportadas mais 2o2 mortes associadas à doença, um aumento face ao registo do dia anterior (142).
Os internamentos também subiram no país. Neste momento, estão mais de 10 mil doentes em enfermaria, tendo dado entrada esta terça-feira mais 366 pessoas. Em UCI, houve mais 19 doentes em 24 horas, estando nestas alas 1.145 pessoas.
O governo italiano reconheceu que a fase que o país atravessa é “difícil”. Para tentar travar a escalada de casos, o executivo liderado por Mario Draghi decidiu tornar obrigatória a máscara na via pública e reduzir, a partir de 1 de fevereiro de 2022, a validade do certificado de saúde de nove para seis meses. Diminui também o tempo para a vacinação da terceira dose, que inicialmente estava estabelecido em seis meses — já foi reduzido para cinco meses e agora deve cair para quatro.
Grécia ultrapassa 20 mil casos diários e reduz isolamento
A Grécia registou um novo máximo de novos casos de Covid-19, com 21.657 infeções nas últimas 24 horas, devido à propagação da variante Ómicron, e reduziu o isolamento obrigatório para pessoas assintomáticas, de dez para cinco dias.
O número de contágios mais do que duplicou em relação a segunda-feira (9.284), mas o número de mortes manteve-se estável em 60 óbitos, numa altura em que a propagação da variante Ómicron ameaça paralisar o funcionamento do país de mais de 10 milhões de habitantes.
Como tal, o Centro para o Controlo e Prevenção de Doenças grego tomou a decisão de reduzir a quarentena para infetados assintomáticos e com sintomas ligeiros, depois de a variante Ómicron se ter tornado prevalente na Grécia em poucos dias — na região de Ática supera 70% dos casos.
Apesar do aumento de novos casos, a taxa de positividade caiu para 3,9% em comparação com os 9,7% da véspera, que se deveu a um grande número de testes realizados: foram mais de 556.060.
Chipre também atinge novo máximo
O Chipre atingiu também um novo máximo de casos de Covid-19, tendo reportado 2.241 infeções em 24 horas, uma subida face aos 1.925 reportados no dia anterior. O país de mais de um milhão de habitantes não registou qualquer óbito, indicaram também as autoridades de saúde.
Petros Karayiannis, professor de microbiologia e virologia na universidade da capital Nicósia, justificou este aumento do número de casos com a variante Ómicron: “Talvez tenha chegado mais cedo do que se pensava”.
Desde o início da pandemia, o Chipre registou 154,926 casos de Covid-19 e 630 mortes relacionadas com complicações da doença.
Portugal chega aos 17 mil casos
Portugal também registou um novo máximo diários nos casos, tendo sido reportados mais 17.172 contágios. Estão ainda 936 pessoas internadas com Covid-19 — mais 22 do que no dia anterior — das quais 152 estão nas unidades de cuidados intensivos — mais duas do que na segunda-feira.
DGS. Portugal registou o maior número de infeções num só dia: mais de 17 mil
A ministra da Saúde, Marta Temido, prevê mesmo que o país possa chegar às 37 mil infeções diárias no dia 7 de janeiro. Para já, garante que não serão tomadas novas medidas, frisando que é importante perceber o impacto das que estão em vigor.
Fora do contexto europeu, também os Estados Unidos registaram um novo máximo de infeções nas últimas 24 horas: foram mais de 500 mil casos. No entanto, neste número incluem-se acertos dos últimos dias que ocorreram devido à época natalícia.