Catarina Martins começou a manhã em Setúbal, de visita ao quartel de bombeiros para falar de proteção civil e alterações climáticas, mas com a pontaria política apontada a dois alvos: António Costa e André Ventura.

Em declarações aos jornalistas, a coordenadora bloquista desvalorizou o apelo do PS à maioria absoluta, que Costa concretizou com todas as letras ontem, de visita à Madeira. “Os partidos podem dizer o que quiserem neste momento. O que todos sabemos é que com a força de votos no dia a seguir se constroem as soluções. Se os partidos que defendem o SNS tiverem maioria, por que havíamos de ter um Governo que quer privatizar a Saúde?”, apontou.

E, questionada insistentemente sobre se esse afastamento do PS não remete o objetivo do BE — um novo acordo à esquerda — à irrelevância, rematou: “Também ouviram isso em 2015… As eleições não são sobre os humores dos partidos”. Por outras palavras: o PS pode fazer o discurso que quiser, durante a campanha, para tentar mobilizar ao máximo o voto útil, mas depois de dia 30 terá mesmo de negociar (resta saber se o quererá fazer com a esquerda).

O outro alvo era expectável e faz parte do pingue-pongue dos últimos dias entre BE e Chega. Depois de Ventura ter admitido ontem que seria uma derrota ficar atrás nos bloquistas nas eleições de 30 de janeiro, a líder bloquista confirmou: “O BE quer impor essa derrota a André Ventura e à extrema-direita e a quem semeia violência e racismo e insulta os mais pobres e vulneráveis. Sim, o BE como terceira força será não só a forma de termos uma solução para o país mas também uma derrota para a extrema-direita”. Mesmo com sondagens que atribuem uma descida aos bloquistas? “Tenho visto sondagens para todos os gostos”.

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Quanto ao assunto que a trazia ali — ouvir a associação de bombeiros voluntários, que se queixou de falta de condições técnicas e recursos humanos, sobretudo em tempos de pandemia — a coordenadora do BE apontou ao país “uma responsabilidade coletiva de dar condições às corporações”.

“As alterações climáticas não são uma ficção: vivemos mesmo uma emergência climática. Quando ouvimos a direita a dizer que não há emergência climática achamos que é irresponsável, ou vemos o PSD a querer estender a área de eucalipto no país achamos que é absolutamente irresponsável”. A referência é à proposta do PSD para “descongelar” a plantação de espécies de rápido crescimento, desde que acompanhada de uma plantação de 40% de folhosas.

“Precisamos de dar meios a quem lida com os fenómenos climáticos extraordinários. Os empregos para o clima também são os empregos para a segurança no território. A emergência climática tem de ser um centro nesta campanha. Plantar eucaliptos é só querer mais fogos”, rematou.