Ao longo das dezenas de escutas que têm sido publicadas por Record, Correio da Manhã e Sábado ao longo das últimas semanas, no âmbito da operação Cartão Vermelho que tem Luís Filipe Vieira como principal arguido (ainda que sem qualquer relevo no plano criminal), há uma em que Jorge Mendes, empresário, fala com Hugo Viana, diretor desportivo dos leões, a propósito da situação de Rafael Leão. “Vai trabalhar a vida inteira para pagar ao Sporting”, lamentava o agente. Ainda podia não ser assim, agora vai mesmo ser.

Tribunal Arbitral de Desporto decide a favor do Sporting: Rafael Leão tem de pagar 16,5 milhões pela rescisão

O Tribunal da Relação de Lisboa anunciou esta sexta-feira que indeferiu o recurso apresentado pelo jovem jogador depois da decisão do Tribunal Arbitral do Desporto, que o condenava a pagar 16,5 milhões de euros (agora mais juros) pela rescisão de forma unilateral com os leões no verão de 2018. Assim, o internacional português, atualmente no AC Milan, perdeu a última hipótese que tinha ainda de revogar a medida.

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“O signatário, oriundo de uma família humilde e pobre, integrou desde criança o centro de formação do Sporting Clube de Portugal, usualmente conhecido por ‘Academia de Alcochete’, onde residiu praticamente até aos dias de hoje e ali fez toda a sua formação pessoal e profissional. Reconhecimento e gratidão que apenas considera abalados pelo desequilíbrio comportamental de alguns dirigentes da Sporting SAD, a que a grande instituição Sporting Clube de Portugal é alheia”, tinha invocado o jogador na rescisão.

A carta de rescisão de Rafael Leão com o Sporting, do desequilíbrio e ego dos dirigentes ao trauma maior do que a fome

“Tomando por referência os mais virtuosos valores da centenária instituição, bem como de todos aqueles que para si sempre foram ídolos, julgou nela poder continuar a crescer pessoal e profissionalmente com a necessária segurança e estabilidade. Valores que nos últimos meses viu ruir, com a certeza que com o estado atual das coisas o seu temor, medo e insegurança são irreversíveis. O que, muito a contragosto e com uma infinita mágoa, obriga o signatário a decidir-se pela desvinculação contratual com esta SAD. Os adeptos, simpatizantes e sócios da instituição não podem nem ser inflamados, nem ‘arremessados’ pelos dirigentes contra aqueles que diariamente trabalham em prol do engrandecimento da mesma, unicamente para gáudio e ego (desses dirigentes). Assim, num ápice, os atuais dirigentes da SAD do Sporting Clube de Portugal conseguiram destruir um sonho que o signatário veio alimentando e construindo até aos 19 anos de idade”, alegou também na mesma missiva enviada em junho de 2018.

A carta de rescisão de Rafael Leão

Além da carta de rescisão, o avançado juntou ainda algumas notícias da altura do ataque, bem como o contrato válido até 2022 que tinha renovado em setembro de 2017 (por um valor bruto entre os 60 mil e os 80 mil euros por época, a que se juntava ainda uma verba variável entre os 20 mil e os 100 mil euros mediante o número de jogos oficiais realizados, entre um valor mínimo de cinco e um máximo de 35) e um parecer do psicólogo José Carlos da Silva Caldas, que fala sobre o impacto que um episódio como aquele que ocorreu na Academia pode ter, sobretudo num jogador com apenas 19 anos.

Se não fosse uma entrega de pizzas, Leão podia estar em Alvalade – o Acórdão do TAD que obriga o jogador a pagar 16,5 milhões ao Sporting

De acrescentar que, apesar dessa rescisão de contrato, Rafael Leão foi um dos jogadores que esteve perto de regressar a Alvalade com um novo contrato nesse mesmo ano de 2018, à semelhança do que aconteceu com Bruno Fernandes, Bas Dost e Battaglia, algo que não aconteceu depois de nova inversão na história que levou o avançado a assinar pelo Lille a custo zero antes de se transferir para o AC Milan, onde assumiu um papel de destaque que conseguiu pela primeira vez chegar à Seleção A de Fernando Santos.