“Os dias são tão longos e ocupados aqui que quando chego ao fim da tarde e me sento para escrever o meu diário já não me lembro exatamente do que estive a fazer de manhã”, contou Aga Pokrywka ao Observador quase no final da missão que simulou a vida em Marte no deserto do Utah, nos Estado Unidos. Para trabalhar melhor, Aga escolhia a redoma científica de onde podia ver algumas das paisagens destacadas na fotogaleria (em cima).

A agenda preenchida da artista residente da missão 238 da Mars Desert Research Station (MDRS) e dos outros cinco elementos da tripulação foi esquematizada pelo primeiro-oficial, Pedro José-Marcellino: saídas para o exterior com os fatos espaciais, recolha de imagens e rochas, cultivo de plantas e bactérias, simulações de emergência e muitos relatórios para a Mars Society que gere a estação.

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Duas semanas (de 2 a 15 de janeiro de 2022) passaram assim muito mais rápido do que a tripulação poderia esperar, como os vários elementos admitiram ao Observador que acompanhou o dia a dia da missão 238 em exclusivo. Os projetos individuais, como contou a comadante Sionade Robinson, terão continuidade agora que os astronautas-cidadãos estão de volta à “Terra”.

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Da missão, a comandante destacou que “o mais importante nas futuras missões a Marte e em outras missões espaciais serão os fatores humanos — e as relações com o centro de comando” (que não foram tão boas como desejaria a tripulação neste caso). Por outro lado, a relação entre os elementos da tripulação e o espírito de entreajuda foi elogiado por todos.

Pedro José-Marcellino, também documentarista da missão, selecionou uma coleção de mais de 60 fotografias (devidamente legendadas) para recordar os momentos mais marcantes em “Marte” — além das crónicas que escreveu diariamente para o Observador.