António Costa disse esta segunda-feira que está disponível para negociar com todos os partidos com assento parlamentar. “A seguir às eleições todos vamos ter que falar com todos”, afirmou, apesar de excluir o Chega das negociações, com o qual o PS não tem “muito a falar”. Sobre a maioria absoluta, o secretário-geral do PS considerou-a uma solução estável, mas sublinhou que os portugueses “não têm um grande amor” por essa possibilidade.
Em entrevista à rádio Renascença, e questionado sobre o convite de Catarina Martins para um encontro no dia 31 para discutir um governo de quatro anos, António Costa salientou que nunca recusou “qualquer convite”, lamentando apenas que tem “pena que o BE tivesse impedido que as conversas sobre o Orçamento do Estado para 2022 tivessem continuado para além da generalidade e tivessem prosseguido na fase da especialidade”.
É com a mesma linha de raciocínio que responde ao repto da CDU para encetar conversações com o PS. António Costa assume-se mesmo que, nos últimos anos, foi “o político português que mais dialogou” com os partidos da esquerda, tendo derrubado o “muro” erguido desde 1975.
Sobre o PSD, o socialista vincou as “grandes diferenças” que separam os dois partidos — como a reforma da justiça e o IRS —, mas não fechou a porta a um eventual bloco central: “A nossa base de entendimento é o país”. “Vivemos todos no mesmo país, queremos ter seguramente o melhor para o país”, embora ressalve que existem “caminhos diferentes”. “Dia 30 verei o resultado das eleições e a partir daí veremos qual será a melhor solução para o país.”
Quanto às sondagens, António Costa sinalizou que este “não é o seu campeonato”, preferindo apontar para o “dia das eleições”, em que espera que as pessoas façam uma “avaliação positiva” do governo no conjunto dos últimos seis anos. “Virámos com sucesso a página da austeridade e conquistámos a credibilidade internacional com as contas certas.”
Sócrates faz “parte da história do PS”
Interrogado sobre a entrevista de José Sócrates à CNN Portugal, António Costa lembrou que o ex-primeiro-ministro “faz parte da história do PS” e que não tem uma política igual a dos “partidos estalinistas” cujos anteriores líderes que não agradavam eram “eliminados das fotografias”.
Sócrates deixa um conselho a Costa: não devia “desmerecer a única maioria absoluta” que o PS teve
O líder socialista recordou que a divergência com Sócrates aconteceu porque este queria que o PS fosse a sua “guarda pretoriana na defesa do processo judicial”. Embora as relações de amizade e da camaradagem no Largo do Rato, António Costa defendeu que o PS não podia assumir essa posição e que tinha de confiar na justiça. “Depois decidiu romper com o PS e temos a respeitar a decisão que tomou.”