O BE recusou quinta-feira ter divulgado o relatório da Microsoft sobre o ciberataque ao Hospital do Divino Espírito Santo (HDES), nos Açores, alertando que o documento divulgado na comunicação social é “diferente” do que está na posse dos deputados.

“Eu li esse relatório que foi entregue à Comunicação Social e esse relatório não é este, é um relatório diferente“, advertiu António Lima, deputado do Bloco de Esquerda, que em dezembro foi acusado no parlamento açoriano por alguns membros do governo, de coligação (PSD/CDS-PP/PPM), de ter divulgado “documentos confidenciais” sobre o ataque informático de que foi alvo aquele hospital de Ponta Delgada em junho.

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O parlamentar falava em audição na comissão parlamentar de Assuntos Sociais a propósito do documento elaborado por uma equipa de especialistas da Microsoft sobre o ciberataque

Para António Lima, a existência de um relatório “diferente” do que foi divulgado à comunicação social só vem demonstrar que “não foi o BE que divulgou esse relatório“.

“Aquilo que o Governo fez também é crime porque difamou e acusou sem provas o grupo parlamentar do BE de algo que não teve responsabilidade. Por isso, o Governo deve um pedido de desculpas público ao BE, porque não admito que me acusem de algo que eu não fiz”, insistiu António Lima.

Numa nota de imprensa, o BE sustenta que “a audição da secretária regional da Obras Públicas e Comunicações e do diretor regional das Comunicações quinta-feira no parlamento deixou claro que as citações publicadas em órgãos de comunicação social atribuídas a um relatório da Microsoft sobre o ataque informático ao hospital de Ponta Delgada não constam do relatório oficial”.

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“António Lima lamenta que alguém tenha falsificado o relatório para passar informações falsas à comunicação social, o que é um crime muito grave”, acrescenta o comunicado do BE.

Na comissão, o deputado bloquista questionou ainda a secretária regional das Obras Públicas e Comunicações sobre esta questão.

Na resposta, Ana Carvalho afirmou: “Se o que foi publicado na comunicação social não corresponde ao relatório que nós temos, das Comunicações, alguém o adulterou. Quem foi, não faço a mínima ideia”.

Na audição, Pedro Miguel Batista, diretor regional das Comunicações, considerou que o “apagão informáticodecidido pela administração daquela unidade de saúde, em resposta ao ciberataque, foi “a melhor decisão”.

“Eu continuo seguro e tomaria a mesma decisão novamente. Espero não vir a ser confrontado com essa necessidade tão cedo, porque foram meses muito complicados, mas, de facto, tenho a certeza absoluta de que esta foi a melhor decisão”, insistiu o responsável pela área das comunicações nos Açores.

Em dezembro, numa nota de imprensa, o BE acusou o Conselho de Administração do HDES de ter sido “irresponsável” na gestão do ataque informático, alertando que o relatório da Microsoft, “classificado como confidencial” pelo Governo, não recomendava, “em nenhuma parte”, o desligamento de todos os sistemas informáticos.

Na ocasião, também em nota de imprensa, a Secretaria Regional liderada por Ana Carvalho assegurou ser “falso que o relatório da Microsoft afirme que foi errada a decisão de cortar o acesso do HDES à internet no dia 24 de junho“.

O Governo açoriano defendeu ainda que o relatório da Microsoft revelava a “assertividade” das medidas tomadas aquando do ciberataque ao HDES, acusando o BE de proferir “afirmações falsas” sobre o caso.

No relatório da Microsoft ao ciberataque no Hospital de Ponta Delgada, a que a Lusa teve acesso e que foi noticiado em dezembro, são apontadas falhas à segurança do sistema informático daquela unidade do Serviço Regional de Saúde, como palavras-chave partilhadas e não encriptadas ou ausência de atualizações de proteção.

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