São um exército invulgar, mas que, em caso de invasão, está pronto para defender a Ucrânia. Uma dezena de mulheres com mais de 65 anos, apelidado “batalhão de babushkas” (avós), está a preparar-se para o cenário de a Rússia invadir Kiev — e está a treinar-se militarmente para o efeito.

Estas mulheres já se tinham voluntariado em 2014 para ajudar o exército ucraniano, tendo fornecido bens alimentares e assistência médica. Agora, com o aumentar da escalada da tensão, as ‘babushkas’ estão a preparar-se uma guerra.

“Amo a minha cidade e não a vou deixar. Putin não nos assusta“, afirmou Valentyna Konstantinovska, de 79 anos, em declarações ao Al Jazeera. A mulher reconheceu que uma guerra é “aterrorizante”, ainda que “vá lutar pela Ucrânia até ao fim”.

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Valentyna Konstantinovska indicou que, desde 2014, “sempre quis aprender a usar uma arma”, mas que lhe diziam que já era uma ‘babushka’ e, como tal, já “era demasiado velha” para ir à luta. Agora, num centro de treinos, aprende a utilizar uma arma de fogo e como se defender.

Quem também faz parte deste batalhão é Liudmyla Smahlenko, de 65 anos, que perdeu um familiar na guerra contra a Rússia, na leste da Ucrânia. Decidiu agora voluntariar-se. “Já temos um batalhão de babushkas. Em 2014, nós fizemos redes, estabelecemos bases e desde aí, doamos as nossas almofadas, lençóis, pratos e canecas — trazemos-lhes tudo o que nós conseguimos.”

“Tentamos ajudar os soldados e eles tornam-se como se fossem nossos filhos”, assinalou Liudmyla Smahlenko, que também se mostra pronta para “lutar” em caso de invasão de Moscovo, deixando claro que os russos não são “irmãos” dos ucranianos.

Outra ‘babushka’ que faz parte do batalhão é Liudmyla Halbay, de 72 anos, que garante que não vai sair da Ucrânia em caso de invasão. Vivendo numa região perto da fronteira com a Rússia, a mulher assinalou não ter um “saco de evacuação desde 2014” — uma mala preparada para a fuga — lembrando que, nessa altura, “quando tudo estava a arder e a colapsar” à sua volta, “fez tudo ao seu alcançar para ajudar” o exército ucraniano.

Estas mulheres estão a ser treinadas num centro geridos pelo partido de extrema-direita Azov, que está a oferecer formação sobre como sobreviver em caso de guerra e como disparar uma arma. Acusados de serem ultranacionalistas, o grupo não tem reunido apoio na sociedade ucraniana, não tendo conseguido eleger nenhum deputado nas últimas eleições.

Confrontada com o pendor ideológico de quem a treina, Valentyna Konstantinovska assegura que não partilha as ideias do Azov e que a única ideologia que tem “é a defesa da pátria”.