Ainda há tempo, ainda é possível diminuir a escalada de tensão no conflito Rússia-Ucrânia mas o presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden, está convencido que Vladimir Putin já tomou a sua decisão e vai mesmo invadir a Ucrânia nos próximos dias.

Questionado sobre o que o leva a considerar sequer essa hipótese como possível, respondeu: “Os nossos serviços secretos têm uma capacidade significativa”. E quando é que esse ataque pode acontecer? “Na próxima semana, nos próximos dias”.

Temos motivos para acreditar que as forças russas estão a planear um ataque e pretendem atacar a Ucrânia na próxima semana, nos próximos dias. Acreditamos que terão como alvo a capital da Ucrânia, Kiev — uma cidade com 2.8 milhões de pessoas inocentes”, referiu ainda Biden.

As afirmações foram feitas durante uma declaração na Sala Roosevelet da Casa Branca, perante jornalistas. Biden conversara nas horas anteriores com “aliados dos EUA na América do Norte e na Europa”, detalha a CNN, que indica que o Presidente norte-americano terá ainda conversas telefónicas com “os líderes do Canadá, França, Alemanha, Itália, Polónia, Roménia, Reino Unido, União Europeia e NATO”.

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Acusando “combatentes apoiados pela Rússia” de “violações do cessar-fogo” com o objetivo de “provocar a Ucrânia em Donbass”, Biden visou “a desinformação crescente” que está a ser lançada por meios de comunicação russos para alimentar “o público russo”. E deu um exemplo: a “alegação” de que a “Ucrânia está a planear lançar um ataque massivo a Donbass”, feita por “separatistas apoiados pela Rússia”.

Reparem: não só não há provas que suportem estas alegações, como desafia a lógica mais elementar acreditar que os ucranianos escolheriam este momento — em que têm bem mais de 150 mil tropas [russas] destacadas para as suas fronteiras — para escalar um conflito que dura há um ano”, referiu ainda Biden.

“Estamos preparados para defender cada cm do território da NATO”

O Presidente norte-americano quis ainda afiançar que as suas declarações de esta sexta-feira não pretendem aumentar a tensão entre os dois países e servir de combustível para uma guerra que se pode estar a avizinhar. Referiu mesmo: “Estamos a denunciar alto e bom som e de forma insistente os planos da Rússia… estamos a fazer tudo o que está ao nosso alcance quer para desconstruir qualquer pretexto que a Rússia possa vir a dar para justificar uma invasão à Ucrânia, quer para evitar que avancem”.

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Continuou Biden: “Não se enganem: se a Rússia materializar os planos que tem, será responsável por optar por uma guerra catastrófica e desnecessária“. Se o fizer, “nós, Estados Unidos, e os nossos aliados também estaremos preparados para defender cada centímetro do território da NATO de qualquer ameaça à nossa segurança comum”.

O Presidente dos Estados Unidos da América insistiu na ideia de que Putin e o Kremlin não passarão incólumes perante uma ofensiva à Ucrânia: “Estamos preparados para, com os nossos aliados e parceiros, apoiar o povo ucraniano. Vamos garantir que a Rússia será responsabilizada pelas ações que se verificarem. O Ocidente está unido. Estamos preparados para impor sanções severas à Rússia, que ainda pode escolher a diplomacia. Ainda não é tarde demais para diminuir a escalada de tensão e voltar à mesa das negociações”.

Biden afirmou ainda acreditar que a Rússia não irá usar armas nucleares, apesar da notícia avançada esta sexta-feira pela agência de notícias russa Interfax sobre Putin ir assistir pessoalmente este sábado a exercícios militares de “forças estratégicas” nucleares. Para o Presidente dos EUA, Putin está “mais focado em mudar a dinâmica da Europa” de forma injustificável. “É difícil ler a sua mente”, atira.

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O líder norte-americano aconselhou ainda o seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, a não sair da Ucrânia, mas destacou que a “decisão é sua”. “É uma escolha prudente” que o chefe de Estado fique em Kiev, reforçou.

Biden também revelou que o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, e Sergei Lavrov, ministro dos Negócios Estrangeiros russos, vão encontrar-se no próximo dia 24 de fevereiro, quinta-feira, na Europa. O encontro ficará porém sem efeito se a Rússia decidir invadir a Ucrânia até lá.