O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) esteve esta quinta-feira reunido para discutir a situação na fronteira ucraniana e a possível invasão russa. Pela parte dos EUA, o secretário de Estado Antony Blinken apresentou aquilo que os serviços de inteligência norte-americanos dizem ser o plano de Moscovo para invadir Kiev. E inclui ataques a “populações específicas”, “ciberataques” e “tanques”. Ao mesmo tempo, o alto responsável norte-americano convidou o ministério dos Negócios estrangeiros russo, Sergei Lavrov, para um encontro na Europa na próxima semana.

Antony Blinken começou por lamentar que os cinco países que compõem o Conselho de Segurança (Rússia, EUA, França, Reino Unido e China) estejam reunidos para uma possível invasão à Ucrânia, destacando que o órgão foi criado para manter a “estabilidade internacional”, sendo “de reprovar” que um membro tente “impor fronteiras pela via da força”, “ditar políticas” a outro país e a quem este “se deve associar”. “Esta crise afeta diretamente todos os membros deste Conselho de Segurança e todos os países do mundo”, afirmou.

Voltando a desmentir a Rússia, o secretário de Estado dos EUA reiterou que Moscovo não desmobilizou tropas junto à fronteira ucraniana. De acordo com o alto responsável, o Kremlin está “pronto para lançar um ataque nos próximos dias”.

E os serviços de inteligência norte-americanos anteciparam como é que um conflito se vai desenrolar e como é a Rússia começará uma eventual guerra.

  1. Moscovo tentará “fabricar um ataque”, isto é, procurar um pretexto para atacar. Segundo Antony Blinken, a invasão pode começar por um “ataque terrorista” em solo ucraniano contra populações que se identificam etnicamente como russas. Pode ainda ser um “ataque de drones contra civis”, podendo o Kremlin “usar armas químicas” para o efeito. Outra das hipóteses é algo que já se veio a verificar nos últimos dias: Moscovo pode forjar o pretexto de que há populações russas na Ucrânia que estão a ser alvo de uma “limpeza étnica” ou de um “genocídio” — e o Kremlin inicia o ataque com o intuito de defender as suas populações.
  2. De acordo com o secretário de Estado, em resposta a estas “provocações”, feitas de “forma teatral”, a Rússia invade a Ucrânia, proclamando que cabe a Moscovo “proteger a Rússia e os russos na Ucrânia”.
  3. Depois disto, de acordo com informações dos serviços de inteligência norte-americanos, a Rússia lançará imediatamente “mísseis e bombas”, as comunicações serão “cortadas” na Ucrânia e existirão “ciberataques” a ministros do governo de Kiev.
  4. Só após estes procedimentos é que a Rússia invadirá, oficialmente, a Ucrânia. Os ataques convencionais contarão com tanques e terão “alvos específicos” — e um deles será, seguramente, Kiev, afirmou Blinken.
  5. O secretário de Estado dos EUA revelou ainda que o Kremlin tentará levar a cabo ataques “contra populações específicas”, apesar de não as especificar. Estas hipóteses estão também a ser partilhadas com o ministério de Defesa ucraniano, que está a par destas movimentações.

Presidente dos EUA diz que Rússia ainda pode atacar Ucrânia brevemente

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Blinken: “Estou aqui para não para começar uma guerra, mas para evitar uma”

Enquanto os serviços de inteligência tentam previr o que se passará em caso de invasão russa, Antony Blinken espera, no entanto, que tal acabe por não se materializar. “O mundo ficaria aliviado”, disse, vincando que o “melhor desfecho” seria que nenhum destes cenários se confirmassem.

“Estou aqui para não para começar uma guerra, mas para evitar uma”, declarou o secretário de Estado dos EUA, referindo que, tal como Joe Biden, que esta “será uma guerra de escolha”.

Em caso de a Rússia invadir a Ucrânia, a resposta norte-americana, em colaboração com a da NATO, será “incisiva e decisiva”. Mas Antony Blinken deixou bem claro que não quer tal aconteça, pedindo ao Kremlin que escolha a via diplomática. Para isso, o secretário de Estado convidou o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, para um encontro na Europa na próxima semana.

“Nos próximos tempos, o mundo vai lembrar-se se a Rússia aceitou este convite, ou se o recusou”, concluiu o norte-americano.