Roman Abramovich, milionário russo e proprietário do Chelsea, está na Bielorrússia para ajudar nas negociações entre a Ucrânia e a Rússia. De acordo com o jornal israelita Jerusalem Post, Abramovich está presente nas negociações a pedido da Ucrânia, com o objetivo de ajudar a pôr termo aos confrontos no território ucraniano que começaram na madrugada da passada quinta-feira, dia 24 de fevereiro — o número de refugiados ultrapassa agora as 422 mil pessoas.

Este domingo, delegações da Rússia e da Ucrânia chegaram à cidade fronteiriça bielorussa de Gomel para iniciar as negociações. Abramovich, que em 2021 obteve a nacionalidade portuguesa através da lei que beneficia os descendentes de judeus sefarditas expulsos do país no final do século XV, tem laços estreitos com as comunidades judaicas na Ucrânia e também na Rússia.

Abramovich diz que não foi contactado sobre inquéritos e mantém que cumpriu a lei

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Ao meio já citado, Yevgen Kornichuk, embaixador da Ucrânia em Israel, afirmou que o país está grato “a quem puder ajudar”, caso tenha “influência suficiente”. Ainda assim, recusou-se a comentar especificamente o envolvimento do milionário nas negociações em curso.

Alexander Rodnyansky, um produtor nomeado aos Óscares em duas ocasiões e em contacto próximo com o presidente Volodymyr Zelensky, confirmou que o governo ucraniano entrou em contacto com ele e outros membros da comunidade judaica na Rússia, pedindo-lhes intervenção de forma a tentar travar o conflito. Rodnyansky falou com Abramovich, que decidiu envolver-se na causa.

Um porta-voz de Roman Abramovich assegura que o milionário está a “ajudar” a restabelecer a paz entre a Ucrânia e a Rússia, embora não determine o seu paradeiro, e que Abramovich foi “contactado pelo lado ucraniano para ajudar a encontrar uma resolução pacífica”. “Considerando o que está em jogo, pedimos a compreensão por não comentarmos nem a situação em si nem o seu envolvimento”, disse o porta-voz.

Roman Abramovich — que tem sido criticado em Londres pela sua proximidade ao presidente russo, Vladimir Putin — entregou este fim de semana a “administração” e os “cuidados” do Chelsea Football Club aos curadores da fundação de caridade do clube. Na página oficial do Chelsea, do qual é proprietário há quase 20 anos, o milionário deixou uma nota onde esclarece que sempre se considerou o “guardião do clube” e tomou decisões com “o melhor interesse ” da equipa “no coração”.

Abramovich teve até há quatro anos um visto de investidor no Reino Unido. Na passada sexta-feira, o deputado britânico Chris Bryant exigia que lhe fosse retirada a mansão de que é proprietário  na capital inglesa e que Abramovich fosse impedido de ser proprietário do clube de futebol — citando um documento confidencial do Ministério do Interior datado de 2019, ao qual teve acesso, afirmava que o empresário tinha ligações ao Estado russo, assim como “associação pública em atividades e práticas corruptas”. Dois dias antes, o primeiro-ministro britânico corrigia que Roman Abramovich não estava sujeito a sanções.

As conversações entre a Rússia e a Ucrânia começaram na segunda-feira, cinco dias depois de Vladimir Putin ter ordenado a invasão russa à Ucrânia. Também o Kremlin, acrescenta o Finantial Times, recusou comentar o envolvimento de Abramovich.