guerra entre a Rússia e a Ucrânia, desencadeada pela invasão russa do território ucraniano na última quinta-feira, entrou esta quarta-feira no sétimo dia de conflito armado. A informação sobre o que se está a passar no leste da Europa está a ser atualizada ao minuto no liveblog do Observador e a ser retratada ao detalhe pelos enviados especiais à Ucrânia, Cátia Bruno e João Porfírio.

Aqui fica um resumo do que se está a passar ao longo deste sétimo dia de confrontos.

  • Ao final da noite, a conta de Telegram do Parlamento ucraniano informava que as forças russas terão bombardeado civis na cidade de Izium, havendo registo de pelo menos seis adultos e duas crianças mortas. Izium fica entre Donestk, uma das regiões separatistas cuja independência a Rússia reconheceu antes da invasão, e Kharkiv, cidade que tem sido atingida por vários bombardeamentos.
  • Também nas últimas horas foram ouvidas quatro explosões em Kiev, como noticiou o jornal ucraniano Kyiv Independent. As explosões terão acontecido no centro da capial e também perto da estação de metro de Druzhby Narodiv.
  • Consumou-se, depois de muitos avanços e recuos e informação contraditório, o controlo russo da cidade de Kherson, no sul da Ucrânia e perto da península da Crimeia. Tanto o autarca da cidade e fontes do governo ucraniano como fontes do Governo russo confirmaram a informação, depois de forças russas terem entrado na Câmara Municipal da cidade e de Kherson ter sido dada pelo próprio autarca como “cercada”.
  • Em Portugal, o ministro das Finanças, João Leão, deu nota de que a Rússia deverá entrar rapidamente em recessão económica graças às sanções que lhe estão a ser impostas. Em entrevista à SIC, o ministro de Estado e da Economia, Pedro Siza Vieira, assegurou que Portugal deverá ser “seja das economias menos impactadas”, podendo continuar a contar com “crescimento económico robusto”.
  • Os Estados Unidos anunciaram que vão adiar os testes programados para esta semana do míssil balístico intercontinental Minuteman III, para passar uma mensagem de “responsabilidade nuclear num momento particularmente tenso”.
  • O Tribunal Criminal Internacional confirmou pela voz do procurador Karim Khan que foi iniciada uma investigação sobre os alegados crimes de guerra da Rússia durante a invasão à Ucrânia, mas também nos conflitos desde 2013 em solo ucraniano. Arrancará agora a fase de recolha de provas.
  • Os rumores de que a Rússia poderá impor a lei marcial no seu território estão a subir de tom, graças às notícias que dão conta de uma reunião do Conselho da Federação Russa, apontada para sexta-feira. Isto permitiria alargar os poderes do Estado de modo a introduzir censura militar, aumentar o secretismo das atividades do Estado e as ações de autoridades locais.

O que aconteceu até ao início da noite?

  • A Rússia não estará a fazer grandes progressos no terreno: a capital, Kiev, continua sob controlo ucraniano apesar da coluna militar com 64 quilómetros que já na terça-feira se encaminhava para a cidade. Segundo os Estados Unidos, os tanques continuam parados e, diz o porta-voz do Pentágono, John Kirby, os russos estarão a “reagrupar-se e a reavaliar o progresso que não fizeram”.
  • Ainda assim, ao final da tarde ouviu-se uma explosão forte em Kiev, junto de uma estação de comboios, segundo fontes do Governo ucraniano. A explosão pode ter cortado o fornecimento de aquecimento em algumas partes da cidade, disse um conselheiro do ministério do Interior, citado pela Sky News.
  • Responsáveis ucranianos descreveram a evolução dos ataques russos a Kiev como “mais agressiva”: apesar de não haver “movimento significativo” a registar no terreno, a Rússia estará a aumentar “os mísseis e artilharia que atingem a cidade”. O maior progresso das forças russas será, segundo o mesmo responsável do exército ucraniano, no sul da Ucrânia.
  • 38 países decidiram encaminhar uma queixa ao Tribunal Penal Internacional. Entre eles está o Reino Unido, que justificou assim a iniciativa, nas palavras da ministra dos Negócios Estrangeiro, Liz Truss: “A Rússia está a usar força indiscriminada contra civis inocentes na sua invasão ilegal e não provocada da Ucrânia. O regime de Putin deve ser responsabilizado”.
  • A Ucrânia decidiu criar uma linha de emergência para “africanos, asiáticos e outros estudantes que queiram deixar a Ucrânia por causa da invasão da Rússia”, depois de terem sido noticiados vários relatos de racismo nas fronteiras.
  • A China terá pedido à Rússia para atrasar a invasão da Ucrânia para depois do final dos Jogos Olímpicos de Inverno, que aconteceram em Pequim. A informação foi avançada pelo New York Times, com base num relatório dos serviços secretos norte-americanos.
  • O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, vai estar em viagem pelos países bálticos até dia 8 de março para se reunir com aliados da NATO e parceiros europeus e discutir a invasão.
  • Em Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa saudou a “mobilização” dos portugueses para ajudar a Ucrânia, deixando uma mensagem de “paz” e “esperança num futuro melhor” para os refugiados que vêm da guerra: “É preciso dar esperança a quem foge da guerra, do confronto, e tem de refazer a sua vida”.
  • números completamente diferentes vindos do terreno: depois de a Rússia ter feito o primeiro balanço de vítimas desde o início da invasão, garantindo que só sofreu 498 baixas entre os seus soldados, a Ucrânia vem dar uma versão muito diferente e falou em mais de sete mil mortos do lado russo. Segundo um conselheiro do presidente ucraniano,haverá também centenas de soldados russos capturados pela Ucrânia. Números que contrastam completamente com o balanço russo, que também esta quarta-feira dizia ter capturado 572 soldados ucranianos.
  • Makariv, uma região perto de Kiev, foi tomada novamente pelas forças armadas ucranianas, informou o comandante das Forças Armadas da Ucrânia, o tenente-general Valery Zaluzhny, no Facebook.

O que aconteceu durante a tarde?

  • A ONU estima que mais de 836 mil pessoas já fugiram da Ucrânia nestes seis dias de conflito.
  • Sergei Lavrov, ministro russo dos Negócios Estrangeiros, deixou um sério aviso: caso ocorra uma III Guerra Mundial, esta irá “envolver armas nucleares e será destrutiva”.
  • Alexei Mordashov, homem mais rico da Rússia, pediu que se ponha fim ao “banho de sangue” e que se ajude as pessoas a “refazer as suas vidas” depois da invasão russa à Ucrânia, que já vai no sétimo dia.
    Alguns militares russos rendem-se ou inutilizam veículos para evitar confrontos. Escassez de comida e combustível, uma forte e inesperada resistência e baixa moral são alguns dos motivos.
  • O edifício da Câmara Municipal de Kharkiv, a segunda maior cidade ucraniana, foi atingido, esta quarta-feira, por um míssil de cruzeiro.
  • Boris Johnson, primeiro-ministro britânico, considera que já foram cometidos crimes de guerra durante a invasão russa à Ucrânia: “O que já vimos do regime de Vladimir Putin, com o uso de armas em cidadãos inocentes, no meu ponto de vista descreve-se como um crime de guerra”.
  • Ucrânia indica que já morreram dois mil civis desde o início da invasão russa: “Crianças, mulheres e forças defensivas estão a perder a vida a cada hora”.
  • António Costa falou com o Presidente da Roménia e agradeceu pelo “apoio prestado à retirada de cidadãos portugueses e ucranianos” pelo território do país.
  • A Galp anunciou a decisão de suspender novas compras de produtos de petróleo, sobretudo gasóleo, à Rússia ou de companhias russas, na sequência dos atos de agressão da Rússia contra o povo ucraniano. Medida vai ter impacto financeiro, reconhece a empresa em comunicado enviado à Comissão de Mercado de Valores Mobiliários.
  • A Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou voto de condenação à Rússia pela invasão da Ucrânia “nos termos mais graves possíveis”. Estados-membros votaram a favor, 35 abstiveram-se — entre eles, a China e Cuba — e cinco votaram contra. Bielorrússia, Coreia do Norte, Eritreia, Rússia e Síria foram os Estados-membros que votaram contra.

O que aconteceu durante a manhã?

  • O Ministério da Defesa russo anunciou que Kherson, cidade a noroeste da Crimeia com uma população de 300 mil pessoas, está agora sob controlo total das forças leais a Putin. O presidente da Câmara, Igor Kolykhayev, confirmou a informação, dizendo que Kherson está “completamente cercada” pelas tropas russas.
  • O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que nos primeiros seis dias do conflito já foram mortos perto de 6.000 militares russos. Zelensky disse também que a Rússia não conseguirá ganhar esta guerra com “bombas e rockets” e acusou Moscovo de querer “apagar” a história ucraniana.
  • A cidade de Zhytomyr, situada a 120 quilómetros a noroeste de Kiev, foi alvo de vários bombardeamentos durante a noite. As autoridades ucranianas anunciaram que foram destruídas várias habitações e uma maternidade. Há pelo menos quatro mortos, entre eles uma criança.
  • O Kremlin diz que está disponível para voltar à mesa de negociações com a Ucrânia. O porta-voz Dmitry Peskov assegurou que a Rússia está pronta para uma segunda ronda de negociações e disse que a data estará “em discussão”.
  • As cotações do petróleo nos mercados internacionais atingiram esta manhã máximos desde junho de 2014, com o barril de Brent (negociado na ICE de Londres) a ser negociado na casa dos 111 dólares (depois de ter ascendido aos 113 dólares) e o norte-americano WTI a passar a fasquia dos 100 dólares.
  • A Suíça fechou temporariamente a sua embaixada em Kiev, capital da Ucrânia, e mandou retirar todos os funcionários diplomáticos do país.
  • A Rússia desistiu da sua intenção de fazer passar quatro navios de guerra que tinha no Mediterrâneo pelos estreitos da Turquia até ao Mar Negro para atacar a Ucrânia, revelou o governo turco, que tem jurisdição sobre aquelas águas.
  • As Forças Armadas ucranianas dizem ter gorado um plano, posto em marcha pela unidade de elite chechena Kadyrovites, para assassinar o presidente Volodymyr Zelensky. De acordo com fontes oficiais, os elementos do grupo paramilitar terão sido “eliminados”.
  • Alexey Navalny, o mais audível opositor de Vladimir Putin, preso há mais de um ano numa cadeia a cerca de três horas de Moscovo, recorreu ao Twitter para apelar à “luta contra a guerra”.

O que tinha acontecido durante a noite anterior?

  • Após vários dias a cercar e a atacar a cidade com bombardeamentos, as tropas russas entraram em Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, e lutam atualmente pelo seu controlo. A tentativa de tomada da cidade acontece um dia depois de os russos terem bombardeado a praça central de Kharkiv e provocado a morte a pelo menos 18 pessoas. Esta manhã, o presidente da câmara de Kharkiv disse que a cidade continua sob controlo ucraniano após uma noite intensa de combates que causou 21 mortes e mais de uma centena de feridos.
  • Os russos já controlam a cidade de Kherson, uma importante cidade portuária no Mar Negro, no sul da Ucrânia. Segundo as autoridades ucranianas, as tropas russas tomaram controlo do porto e da estação de comboios da cidade e já instalaram checkpoints em torno dos vários acessos a Kherson. Também a cidade de Mariupol, no sul da Ucrânia, está cercada pelos russos.
  • A capital, Kiev, continua sob domínio ucraniano, mas Moscovo tem forças militares a dirigirem-se em peso para a região com o objetivo de cercar a cidade e tomar o controlo do regime. Governos de todo o mundo têm repetido apelos aos seus cidadãos para que abandonem imediatamente Kiev enquanto é possível fazê-lo, uma vez que reina a incerteza quanto ao futuro mais próximo da capital ucraniana.
  • Numa semana, a guerra já criou 660 mil refugiados. É este o número de pessoas que já fugiram da Ucrânia nos últimos seis dias, de acordo com as Nações Unidas.
  • Os números não são coincidentes, mas apontam já para uma realidade negra. Segundo as autoridades ucranianas, o conflito já causou a morte a mais de 350 civis, incluindo 14 crianças. Os dados validados pela ONU apontam, por seu turno, para 136 civis mortos, dos quais 13 eram crianças.
  • O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, fez o seu primeiro discurso anual do Estado da União. No Capitólio de Washington, com a embaixadora da Ucrânia nos EUA como convidada de honra, Joe Biden afirmou que Vladimir Putin vai ter de pagar “o preço pelos seus atos de agressão”, anunciou o encerramento do espaço aéreo americano aos aviões russos e garantiu: “Putin está mais isolado do mundo do que alguma vez esteve.”
  • Se parte desse isolamento da Rússia tem origem nas sanções políticas e económicas impostas pelos estados, outra parte tem origem nas decisões empresariais. Esta noite, ficou a saber-se que a Boeing vai encerrar toda a sua atividade em Moscovo e deixará de prestar qualquer tipo de apoio técnico ou de manutenção às companhias aéreas russas que usam aeronaves da marca. Já a ExxonMobil, petrolífera norte-americana com um longo historial de relações com Moscovo, anunciou que vai deixar de investir na Rússia.
  • A Rússia está a tentar mitigar o impacto das sanções ocidentais na sua economia. A partir desta quarta-feira, passa a ser proibido sair da Rússia com mais de 10 mil dólares em dinheiro vivo em moeda estrangeira, de acordo com um decreto assinado por Vladimir Putin.
  • A bolsa de Moscovo não vai abrir esta quarta-feira. É o terceiro dia consecutivo que os mercados não abrem na Rússia — depois de o início da invasão da Ucrânia ter levado a quedas abruptas na bolsa de Moscovo, na ordem dos 30%.

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