A Finlândia e a Suécia estão a preparar-se para o pior dos cenários: uma possível invasão russa. Esta quarta-feira, a primeira-ministra finlandesa, Sanna Marin, e a sua homóloga sueca, Magdalena Andersson, enviaram uma carta ao presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, enfatizando “o papel da União Europeia” na segurança coletiva dos Estados-membros.
As duas responsáveis políticas chamam à atenção, no documento, para a “atual situação política” na Europa, que requer uma “declaração forte e ambiciosa” que reforce o “investimento na defesa europeia”. “Os líderes da União Europeia devem estar muito unidos e devem ser claros sobre o facto de que a UE é também uma comunidade de segurança.” “A cláusula de defesa mútua é uma parte essencial”, defendem.
Invocando o artigo 42.7 do Tratado da União Europeia, as líderes dos dois países nórdicos indicam que os “Estados-membros devem usar todos os meios ao seu alcance para ajudar outro Estado-membro que seja vítima de uma agressão armada no seu território”.
A Finlândia e a Suécia aderiram à União Europeia em 1995, mas nunca fizeram parte da NATO. Esta é agora uma hipótese viável para os dois países, mas que ainda demoraria o seu tempo a concretizar-se. As duas nações nórdicas, que adotaram até a invasão russa da Ucrânia uma posição neutral em praticamente todos os conflitos externos, veem-se agora a braços com uma possível escalada do conflito na Europa.
Neste momento, os receios são ainda maiores pelas declarações do Kremlin, que ameaçaram recentemente a Finlândia e Suécia com “sérias consequências militares” caso os dois países aderissem à NATO. Na semana passada, quatro caças russos invadiram também o espaço aéreo sueco — algo que Estocolmo disse ser “completamente inaceitável”, prometendo uma “resposta diplomática firme”.
Rússia invade espaço aéreo sueco com quatro caças. Suécia promete “resposta diplomática firme”
Ao El País, fontes da União Europeia sinalizaram que a decisão dos Estados-membros sobre defesa mútua vai depender da cimeira da UE, organizada pela presidência francesa, marcada para esta quinta e sexta-feira. Mas tudo levará a crer que o pedido de ajuda militar será aprovado, ficando consubstanciado na Declaração de Versalhes que deverá assinada pelos 27.
Outro dos temas que deverá ser discutido será o pedido de adesão à UE da Ucrânia, Moldávia e Geórgia, estes dois últimos países que poderão estar em risco de uma futura invasão da Rússia. O El País apurou que os pedidos estão a ser processados com uma rapidez que não é habitual, mas agora serão tratados individualmente, sendo que a entrada na UE ainda demorará algum tempo até se concretizar.