As forças armadas britânicas confirmaram à BBC que pelo menos um soldado se ausentou sem licença e pode estar a caminho da Ucrânia para lutar contra a invasão russa. Os meios de comunicação locais dizem que o número de militares britânicos já na Ucrânia pode ser superior — falando de até quatro militares — e explicam que essa ação lhes pode valer pesadas sanções, sendo acusados de deserção.

As chefias militares britânicas têm agora alertado para a proibição de viagem para a Ucrânia com o objetivo de integrar as fileiras de combate contra os russos, depois de nos últimos dias ter sido noticiado que vários soldados britânicos estariam em trânsito para a Ucrânia.

As forças armadas do Reino Unido estão preocupadas que uma eventual captura de um desses homens possa ser a desculpa que Vladimir Putin precisa para envolver o Reino Unido — e, consequentemente, a NATO — no conflito.

O The Sun identificou um dos soldados, de 19 anos, que integra inclusivamente o corpo de segurança da rainha Isabel II e que terá deixado aos pais uma carta a dar conta de que tinha comprado um bilhete de apenas ida para a Polónia, para depois se conseguir dirigir por via terrestre à zona de Kiev, na Ucrânia. À BBC, posteriormente, uma fonte militar terá confirmado a ausência sem licença de um dos homens.

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Já o ministério da Defesa britânico continua sem prestar esclarecimentos, escusando-se a “comentar casos individuais”, mas lembra que todos os militares de serviço estão proibidos de viajar para a Ucrânia sem pré-aviso, uma regra que se aplica “a quem está de licença ou não”.

Aos militares que se desloquem para ajudar no conflito podem ser instaurados processos judiciais, lembra a mesma fonte ao Independent.

Grupo de ex-militares já está na Ucrânia, entre eles está o filho de uma deputada britânica

Além dos militares britânicos ainda no ativo, há ainda ex-militares que planeiam juntar-se às forças ucranianas no país. Entre um grupo de sete ex-militares que já se deslocou para a Ucrânia está Ben Grant, filho da deputada britânica Helen Grant.

Ben Grant foi durante mais de cinco anos um dos Royal Marines do Reino Unido e chegou à Ucrânia já no fim de semana para combater ao lado dos ucranianos. Ao TheGuardiane já a partir da estação de comboios de Lviv, onde esperava uma viagem até Kiev explicava que “não tinha sido enviado e que não tinha nada que ver com o governo [britânico] ou a mãe”.

“Quero deixar isso bem claro, estou completamente por minha conta, nem sequer disse à minha mãe”, explicava-se aos jornalistas ingleses acrescentando que tinha tomado a decisão depois de ver vídeos de uma casa onde era possível ouvir uma criança chorar. “Sou pai de três crianças, se fossem os meus filhos o que faria? Saía para lutar, depois pensei que também quereria que outras pessoas com as competências necessárias se pudessem juntar para me ajudar. Para me ajudar e para salvar a minha família”, justifica-se.

Segundo Grant há ainda “cerca de 100 pessoas que vão chegar” a Kiev nos próximo dias. O ex-militar confessou ainda que a família “ficou chateada” e que “lamenta” o que sentem com a sua ausência, mas que “é necessário ali”.

O facto de a Rússia já ter avisado que iria processar criminalmente todos os estrangeiros que se juntassem às forças ucranianas não foi suficiente para demover os homens que planeiam viajar para a Ucrânia. Um dos militares, que se identificou como Jax trabalhava em segurança privada no Iraque, com um ordenado superior a cinco mil euros. Jax diz ainda que a família lhe deu todo o apoio e que ficará até ao final do conflito: “Vou ficar até ao final mais amargo, mesmo que isso seja uma bala no peito”.