O óleo de girassol, que Portugal importa da Ucrânia, está a começar a ser racionado em algumas superfícies comerciais – e mesmo os óleos alimentares gerais (de mistura, que podem conter óleo de girassol) estão a ser limitados. É o caso do Continente e da Mercadona que, segundo o Jornal de Notícias, já começaram a limitar o número de produtos que cada cliente pode adquirir. E também a Makro, apurou o Observador, está a fazer um racionamento. Já o Pingo Doce inicia o racionamento no sábado.

Nas prateleiras de óleo das lojas do Continente (Sonae MC), é possível ler a seguinte mensagem: “Devido ao aumento acentuado na procura de óleo alimentar informamos que a venda do produto está limitada à venda de três unidades por cliente. Compre apenas o que necessita.”

Numa orientação interna do Continente foi descrito que a medida da cadeia de supermercados irá ser aplicada a “todas as marcas de óleo, incluindo a marca própria” e que este racionamento irá vigorar até ao final do mês.

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Também no site do Continente Online vários produtos estão a ser racionados, mesmo quando não se trata de óleo de girassol puro. “Face à elevada procura, a venda deste produto está limitada a 2 unidades por cliente”, pode ler-se numa nota no site, relativamente a um óleo de mistura.

“As lojas Continente limitaram a venda do óleo alimentar, por forma a garantir a justa repartição, prevenir rutura de stocks e evitar o açambarcamento desnecessário”, afirma fonte oficial da Sonae MC, que “apela à compreensão dos seus clientes para a situação excecional que se vive, resultado do conflito militar a decorrer na Ucrânia”.

Nos Entrepostos da MC não há falta de nenhum bem essencial, pelo que a distribuição para as lojas está a decorrer normalmente”, acrescenta fonte oficial do Continente.

No caso da Makro, fonte oficial confirmou que está a ser feito um racionamento deste tipo de produtos, não apenas óleo de girassol mas de outros tipos de óleo também. A marca diz, por fonte oficial “não está com problemas de stock neste momento mas como esta situação da Ucrânia é pública, que é um país produtor de óleo de girassol, para conseguirmos manter a continuidade do fornecimento, foi tomada a decisão de definir uma quantidade que corresponde às necessidades do setor”.

É uma decisão relacionada com prevenção“, diz fonte oficial, que confirma que algumas referências de óleos alimentares (não todas) estão a ter racionamento.

O mesmo está a acontecer na Mercadona que, segundo fonte oficial, confirmou a existência de uma limitação no número de garrafas de óleo de girassol vendidas por cliente. Essa foi uma decisão que foi tomada primeiro em Espanha, onde o óleo de girassol é muito consumido, que acabou por ser replicada em Portugal.

O Pingo Doce indicou inicialmente que não está a fazer racionamento. No entanto, a partir deste sábado, a venda de “óleo de girassol está limitada a seis unidades por cliente” na cadeia de supermercados da Jerónimo Martins.

O Lidl Portugal garantiu que o trabalho “decorre dentro do que é habitual, não havendo racionamento na distribuição para as lojas” e não está a fazer qualquer limitação na venda de garrafas de óleo.

APED admite “preocupação” com “movimentos que põem em causa a distribuição”

Neste momento, não corremos o risco de ficar sem produtos nas prateleiras“, assegura a Associação Portuguesa de Empresas da Distribuição (APED), através do seu secretário-geral, Gonçalo Lobo Xavier.

Porém, o responsável admite alguma “preocupação”. “O que estamos a assistir é um reajustamento em toda a Europa de algumas matérias-primas, de algumas das quais estávamos muito dependentes da Ucrânia” mas “no caso do retalho nacional temos de facto sentido nos últimos dias movimentos que nos preocupam porque põem em causa a cadeia de distribuição e a cadeia de valor”.

Esta quinta-feira, o primeiro-ministro admitiu que a situação na Ucrânia terá como consequência natural o aumento de preços de alguns bens, mas deixou a certeza de que “não haverá falta de nenhum bem essencial”.

Aos jornalistas, à chegada ao Palácio de Versalhes, em Paris, onde marcou presença numa reunião informal do Conselho Europeu na quinta-feira à noite, António Costa afirmou que “neste momento não há nenhum cenário previsto para a escassez de bens essenciais” e que esse ponto de situação foi feito ainda esta semana: “Há reservas para assegurar que não haverá escassez”.

António Costa avisa para subida dos preços, mas garante que “não faltará nenhum bem essencial”

Notícia atualizada às 18h39