Há mais de duas semanas que a Rússia invadiu a Ucrânia. Ao 17.º dia de guerra, os ucranianos temem que a Bielorrússia possa juntar-se às forças do país de Vladimir Putin e atacar as fronteiras ucranianas. Este sábado, os bombardeamentos continuam em várias cidades.
Aqui fica um ponto de situação. Pode também seguir os desenvolvimentos, minuto a minuto, no liveblog do Observador.
Zelensky responde ao invasor: “A região de Kherson é a Ucrânia”
O que aconteceu durante a noite?
- O Presidente ucraniano revelou que a reunião de emergência do Conselho Regional de Kherson decidiu, com 44 votos a favor, que “a região de Kherson é Ucrânia”. Zelensky esclareceu que “os invasores russos não podem conquistar” os ucranianos e e condenou-os, afirmando que estão “a tentar repetir” a formação de “pseudo-repúblicas”.
- No discurso, Volodymyr Zelensky voltou a falar aos países do ocidente para pedir ajuda: “Repito constantemente aos nossos amigos e parceiros no estrangeiro que eles deveriam fazer mais pela Ucrânia, pelos ucranianos.” “O mal que bombardeia propositadamente cidades pacíficas… O mal que ataca até ambulâncias e faz explodir hospitais poderá não parar num país”, alertou.
-
Ao contrário do que tinha sido dito inicialmente, os sete civis mortos na sequência de um ataque orquestrado por forças russas nas imediações de Kiev não estavam a usar o corredor humanitário acordado, segundo o ministério da Defesa ucraniano, que contradiz os relatos anteriores dos serviços de inteligência do país.
-
Desde que a guerra começou, a 24 de fevereiro, cerca de 220 mil ucranianos regressaram ao país de origem para lutar conta as forças russas e deter a invasão.
-
O presidente da Câmara de Melitopol (tomada pelos russos) foi feito refém e substituído nas funções por Galina Danilchenko, que já fazia parte do conselho da cidade. Ivan Fedorov foi detido na sexta-feira passado por homens armados, acusado de crimes de terrorismo pela procuradoria da região separatista de Luhansk, apoiada pela Rússia.
-
As autoridades ucranianas informaram a Agência Internacional de Energia Atómica que a Rússia está planear assumir o controlo “pleno e permanente” da central nuclear de Zaporizhzhya. A central nuclear está sob controlo das forças russas desde o ataque da semana passada que provocou um incêndio próximo de um dos seis reatores aí existentes.
-
Os britânicos que acolherem refugiados nas suas casas durante pelo menos seis meses sem cobrar renda vão receber 350 libras (cerca de 415 euros) por mês do governo. O programa foi anunciado pelo ministro britânico Michael Gove e chama-se “Homes for Ukraine” (“Casas para a Ucrânia”, em português).
- Na conferência de imprensa deste sábado, Volodymyr Zelensky, confirmou que cerca de 1.300 soldados ucranianos perderam a vida desde que a guerra começou, há 17 dias. Zelensky salientou ainda que cerca de 500 a 600 soldados russos renderam-se às forças ucranianas na sexta-feira (ambas as informações não foram confirmadas por fontes independentes).
- O Alto Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros assegurou que o bloco vai continuar a ceder armamento à Ucrânia e a impor sanções à Rússia.
- Durante o telefonema entre o presidente francês, o chanceler alemão Olaf Scholz e Vladimir Putin, os dois primeiros pediram um cessar-fogo e o fim das hostilidades antes de iniciar uma discussão sobre os passos seguintes.
- O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, autorizou 200 milhões de dólares em armas e outras formas de assistência para a Ucrânia.
- A Alemanha anunciou, através da ministra dos Negócios Estrangeiros que vai receber 2.500 refugiados que fugiram da Ucrânia para a Moldávia.
- Cerca de 2 mil pessoas foram retiradas da região de Kiev durante o dia de sábado, segundo os serviços de emergência ucranianos.
- Os serviços de informação ucranianos revelaram que os russos violaram o cessar-fogo que estava estabelecido para a evacuação de pessoas da vila de Peremoha, na região de Kiev. Morreram sete pessoas, entre elas uma criança. A Rússia voltou a culpar a Ucrânia pelo mais recente falhanço ao nível dos corredores humanitários.
- O Presidente ucraniano congratulou-se com uma nova abordagem “fundamentalmente diferente” de Moscovo nas conversações com Kiev, sublinhando que a Rússia deixou de “fazer só ultimatos”.
- A Ucrânia disse estar pronta para negociar com as forças russas, embora não vá optar pela rendição nem aceitar qualquer ultimato, segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, que falou também em exigências “inaceitáveis”.
- As forças armadas ucranianas reportaram que já destruíram equipamento militar russo no valor de 5,1 mil milhões de dólares.
- Os Estados Unidos da América mostraram-se disponíveis para tomar medidas diplomáticas que o governo ucraniano considerem úteis, assegurou este sábado um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA.
- Em Melitopol, centenas de pessoas saíram às ruas num protesto contra o sequestro do autarca local Ivan Fedorov, que foi feito refém pelas forças russas na sexta-feira.
- As negociações entre a Ucrânia e a Rússia prosseguiram esta tarde via vídeoconferência.
- Os Serviços de Segurança da Ucrânia disseram que as tropas russas receberam ordens para disparar contra civis, incluindo crianças, em Kharkiv.
- Uma grande faixa de Makariv, a cerca de 50 quilómetros de Kiev, sofreu danos significativos aparentemente provocados por ataques perpetrados por forças russas, de acordo com imagens publicadas nas redes sociais e verificadas pela edição internacional da CNN.
O que aconteceu durante a tarde?
- Em novas declarações, depois do vídeo divulgado pela manhã, Zelensky admite que Israel seria um bom sítio para conversar com Putin. As declarações foram feitas numa entrevista coletiva com jornalistas estrangeiros, divulgada pelo Kyiv Independent.
- Já tinha havido um primeiro telefonema a três e as conversações seguem pela mesma via, juntando o presidente francês Emmanuel Macron, o chanceler alemão Olaf Scholz e o presidente russo Vladimir Putin. Um porta-voz do governo alemão esclareceu que a conversa de 75 minutos faz “parte dos esforços internacionais em andamento para acabar com a guerra na Ucrânia” e os três líderes concordaram em não dizer mais nada sobre o conteúdo do telefonema.
- Pouco depois, um comunicado do Kremlin esclareceu que Vladimir Putin acusou as forças ucranianas de “violações flagrantes” do direito humanitário durante a conversa com Macron e Scholz.
- O papa Francisco fez um novo apelo para acabar com a invasão russa da Ucrânia e a guerra, denunciando as duras repercussões nas crianças e exortando: “Em nome de Deus, parem!”.
- Os russos estão a tentar organizar um referendo em Kherson (cidade já tomada pelos militares de Putin) para criar uma nova república separatista, segundo o vice-chefe do conselho da cidade de Kherson.
- Zelensky diz que tropas russas estão a sofrer “o maior golpe em décadas”. Num vídeo publicado nas suas redes sociais, o presidente ucraniano instou a Rússia a manter o cessar-fogo acordado para permitir que as evacuações prossigam da cidade de Mariupol, depois de culpar Moscovo pelo fracasso das tentativas anteriores dos corredores humanitários.
- Forças russas destroem um aeródromo militar perto da fronteira com Polónia, segundo o presidente da câmara de Lutsk. As instalações foram atingidas por quatro mísseis russos. Aeródromo estava fora de serviço desde 24 de fevereiro, quando foi bombardeado pela primeira vez.
- Pelo menos 79 crianças morreram desde o início da invasão russa, de acordo com o balanço das autoridades ucranianas. Mais de 280 instituições educativas foram destruídas.
- O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas da Bielorrússia, Viktor Gulevich, afirmou que o país não pretende juntar-se à invasão russa, mas confirmou o envio de cinco grupos táticos para a fronteira para substituir as forças ali estacionadas. “Quero sublinhar que a transferência de tropas não está de forma alguma relacionada com qualquer preparação, e especialmente com a participação de soldados bielorrussos na operação militar especial no território da Ucrânia.”
- Roman Abramovich, dono do Chelsea, foi desclassificado de diretor do clube inglês, anunciou a direção da Premier League. A decisão “não tem impacto na capacidade do clube para treinar e jogar os seus jogos”.
O que aconteceu durante a manhã?
- A Ucrânia abriu às 9h da manhã (7h em Lisboa) seis corredores humanitários para retirar a população de várias cidades, incluindo Mariupol e Zaporíjia. Este corredor, de acordo com a vice-primeira ministra da Ucrânia, Iryna Vereshchuk, vai desde a região de Sumy, no nordeste do país, até à cidade ucraniana de Poltava, a 175 quilómetros a sul.
- Imagens de satélite mostram que os militares russos estão mais perto de Kiev e, segundo a Reuters, estarão a disparar contra áreas residenciais. As sirenes de ataques aéreos soaram logo pelas primeiras horas da manhã de sábado, com relatos de bombardeamentos.
- A situação em Mariupol é das mais complicadas. A população continua sem acesso a eletricidade e a água e os alimentos começam a faltar. Uma mesquita que abriga 80 civis, incluindo turcos, foi bombardeada nessa cidade. As autoridades ucranianas acusaram ainda a Rússia de ter atingido um hospital que presta cuidados oncológicos.
- Houve também ataques aéreos do exército russo a um terminal de petróleo na cidade de Vasilkiv, região de Kiev, enquanto outras cidades continuam sem fornecimento de água e eletricidade, de acordo com autoridades locais.
- Há um novo balanço das perdas russas feito pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros ucraniano — dados que não são confirmados pelo regime de Vladimir Putin. Segundo o lado ucraniano, a Rússia já perdeu mais de 12 mil homens russos, foram abatidos 58 aviões e 83 helicópteros, entre outros.
- A Rússia ameaça atacar fornecimento de armas estrangeiras à Ucrânia. O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergey Ryabkov, disse que Moscovo avisou os Estados Unidos que as colunas de fornecimento de armas são “alvos legítimos para as Forças Armadas russas”.
- O presidente francês, Emmanuel Macron, e o chanceler alemão, Olaf Scholz, voltaram a falar este sábado com Vladimir Putin sobre a guerra na Ucrânia, um dia após a cimeira europeia em Versalhes, informou o Palácio do Eliseu.
- Rússia diz que sanções podem levar à queda da Estação Espacial Internacional, uma estrutura de 500 toneladas, disse o chefe da agência espacial russa Roscosmos, Dmitry Rogozin, numa publicação na rede social Telegram.
[Veja aqui a reportagem dos enviados especiais do Observador]
O que aconteceu durante a madrugada?
- A Ucrânia acredita que a Bielorrússia está a preparar-se para invadir o território ucraniano. Os temores aumentaram depois de um encontro entre os presidentes da Rússia e da Bielorrússia, em Moscovo.
- Já os EUA e o Reino Unido temem que Moscovo esteja a preparar-se para usar armas químicas ou biológicas. Na sexta-feira, na ONU, a Rússia acusou a Ucrânia de ter um programa de desenvolvimento de armas biológicas.
- A Ucrânia acusou a Rússia de violar a lei internacional por ter sequestrado, na sexta-feira, o presidente da câmara de Melitopol.
- Deutsche Bank anunciou que vai suspender as operações na Rússia. “Não vai haver nenhum novo negócio na Rússia”, garantiu em comunicado.
- Putin terá condenado a prisão domiciliária dois agentes dos serviços secretos que deviam ter contratado assassinos de Zelensky
- Volodymyr Zelensky anunciou a criação de um gabinete para o tratamento de prisioneiros de guerra, com o objetivo de garantir que os soldados russos capturados ou que se renderam são tratados de acordo com os acordos internacionais.
Pode encontrar um resumo do que se passou durante o 16.º de guerra aqui.
Mapa da guerra. O que se sabe no 16.º dia do conflito na Ucrânia