A invasão russa à Ucrânia tem apresentado alguns volte-faces que o Kremlin inicialmente não esperaria. Um deles consiste na tentativa de assassinato do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que nunca foi avante. Vladimir Putin está furioso com alguns insucessos e recentemente colocou em prisão domiciliária dois agentes dos serviços secretos russos (FSB) — a antiga KPGB — Sergey Beseda e o seu auxiliar, Anatolij Bolyukh.

De acordo com o Corriere della Sera, que cita um especialista em assuntos militares — Andrei Soldatov —, os dois agentes tinham como objetivo prestar informações sobre a situação interna da Ucrânia. Em vez disso, concederam informações falsas e terão roubado o dinheiro destinado a recrutar agentes e a organizar operações subversivas.

Foi apenas quando a invasão começou, a 24 de fevereiro, que Vladimir Putin terá percebido que lhe tinham sido fornecidas informações falsas pelos dois agentes. O Presidente russo acreditava que o seu objetivo seria concretizado em poucos dias: a Ucrânia seria tomada rapidamente e as forças armadas de Kiev não conseguiriam reagir à ofensiva. Mas não foi isso que aconteceu — e a realidade acabou por ser diferente.

Os dois agentes também tinham como objetivo contratar uma equipa especial para assassinar o Presidente ucraniano, tendo recorrido a guerrilheiros chechenos. Contudo, estes já tinham sido identificados e eliminados pelo serviço de inteligência ucraniano, falhando por isso o assassinato.

Estes dois fatores levaram Putin a livrar-se de Sergey Beseda e Anatolij Bolyukh, mas a história poderá não ser tão simples assim. De acordo com algumas informações dos serviços secretos russos a que o Corriere della Sera conseguiu aceder, os dois agentes terão recorrido a alguns colegas da FSB para a contratação do grupo checheno, o que poderá indiciar uma possível emboscada para que o Presidente russo se livrasse dos dois agentes, principalmente de Sergey Beseda, que era apontado com um dos principais sucessores para a liderança dos serviços secretos russos.

Outra versão consiste simplesmente no facto de que os dois agentes terão simplesmente falhado a missão que teriam de desempenhar, havendo ainda a hipótese de que não estariam confiantes da invasão nem a apoiariam.

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