Kateryna Monzul é considerada uma das melhores árbitras da Europa. Aos 40 anos, a ucraniana já leva uma final da Liga dos Campeões feminina no palmarés e esteve em quatro Campeonatos do Mundo e três Campeonatos da Europa. Apitou no futebol masculino, na liga da Ucrânia e na Liga das Nações, e em 2015 foi considerada a melhor árbitra europeia. Nas últimas semanas, Kateryna Monzul tornou-se também refugiada da invasão russa.
Natural de Kharkiv, Kateryna é licenciada em Arquitetura e Planeamento do Território. Estreou-se como internacional em setembro de 2005, num jogo entre a Finlândia e a Polónia na qualificação para o Europeu de 2007, e deu o salto para a alta roda da arbitragem no Europeu de 2009, participando também no Mundial de 2011. Nos últimos dias, foi integrada na iniciativa da Federação Italiana de Futebol que está a tirar jogadores, jogadoras, árbitros e árbitras da Ucrânia para lhes oferecer uma nova oportunidade: este domingo, vai já apitar o encontro entre o Inter Milão e a Sampdoria da Serie A feminina.
“Organizámos isto para enviar outra mensagem importante a favor da paz. Queremos ajudar a nossa colega Kateryna Monzul a continuar o seu percurso profissional ao mais alto nível”, disse Gabriele Gravina, o presidente da Federação italiana. Em outubro de 2021, a juíza fez parte da equipa de arbitragem totalmente feminina que fez história ao apitar o encontro entre Inglaterra e Andorra, na qualificação para o Mundial do Qatar: de três ucranianas e para além de Kateryna, também Svitlana Grushko conseguiu fugir do próprio país. Já Maryna Striletska, natural de uma cidade na zona mais a leste da Ucrânia, ficou.
“Eu e a minha família estamos em casa. Às vezes ouvimos explosões. Nem sequer posso fazer exercício de manhã, sair de casa, não é seguro. Os invasores estão à nossa volta, não conseguimos escapar a tempo. Atualmente, as coisas estão calmas na minha aldeia. Mas estão a decorrer conflitos nas aldeias vizinhas e conseguimos ouvir as explosões e os bombardeamentos. O mais seguro, neste momento, é ficar em casa e rezar”, explicou a árbitra ao Mirror, revelando ainda que a família tem dormido no chão, perto da cave, para que possam resguardar-se rapidamente em cenário de bombardeamento.
“Os russos aparecem à nossa porta com armas na mão mas têm fome, pedem comida e água e levam tudo o que temos”, acrescentou Maryna, que tem plena confiança na vitória ucraniana. “Os ucranianos são destemidos. Carregamos minas nas nossas mãos e estamos a parar tanques sem armas, só com os nossos corpos. Preparamos cocktails Molotov caseiros para proteger os nossos lares. A diferença entre os ucranianos e os russos é que eles são cobardes, deixam-se intimidar, ficam parados enquanto vêem outros como eles serem arrastados para as prisões. Na Ucrânia, somos livres, vivemos em democracia. Se a polícia arrastasse alguém para a prisão, acreditem: ninguém ficaria parado e a olhar para o outro lado. Vamos lutar até ao fim porque acreditamos no nosso país”, disse a árbitra.