As diplomacias russa e ucraniana reconheceram esta sexta-feira que as negociações estão a ser “muito difíceis” e que continua a não haver consensos nas questões mais relevantes, um mês após o início da invasão russa.
“As posições estão a convergir em pontos secundários. Mas nas principais questões políticas, continuamos afastados”, disse Vladimir Medinsky, negociador-chefe de Moscovo, citado por agências noticiosas russas.
“O processo de negociação é muito difícil”, disse, por sua vez, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, num comunicado, adiantando que não há qualquer “consenso” com Moscovo nesta fase das conversações.
Horas antes deste comunicado, o Presidente turco, Recep Erdogan, tinha assegurado que a Rússia e a Ucrânia haviam concordado em quatro dos seis pontos do documento de negociação, mas Kuleba rejeitou agora esse cenário.
“Não há consenso com a Rússia sobre os quatro pontos mencionados pelo Presidente da Turquia”, garantiu Kuleba, saudando, no entanto, “os esforços diplomáticos” turcos “destinados a acabar com a guerra”.
Medinsky explicou que Moscovo pretende um “tratado abrangente”, tendo em conta as suas exigências de neutralidade, desmilitarização e “desnazificação” da Ucrânia, bem como o reconhecimento da soberania russa da Crimeia e da independência das duas repúblicas separatistas do Donbass.
De acordo com o negociador-chefe russo, a Ucrânia “está essencialmente preocupada em obter garantias de segurança de terceiros, no caso de não poder integrar a NATO”, o que Moscovo considera “totalmente inaceitável”.
Do lado da diplomacia ucraniana, há agora a esperança de que a Turquia e outros países permaneçam “interessados em restaurar a paz”.
Depois de terem começado com reuniões físicas entre delegações, as conversações entre a Rússia e a Ucrânia estão agora a decorrer por videoconferência, quase diariamente.