A Ucrânia está preparada para discutir a adoção de um estatuto de neutralidade como parte de um acordo com a Rússia, mas afasta a desmilitarização do país. A neutralidade teria de ser garantida por uma terceira parte e colocada à discussão através de um referendo, afirmou Volodymyr Zelensky numa conversa com jornalistas russos e cujo conteúdo foi divulgado este sábado, de acordo com a agência Reuters.

A entrevista com jornalistas russos realizou-se através de uma vídeo chamada que durou 90 minutos, mas os órgãos de comunicação social da Rússia foram proibidos de transmitir ou difundir o seu conteúdo pela entidade supervisora da comunicação e das redes sociais, acrescenta a agência.

Um comunicado emitido este domingo, o Roskomnadzor, o serviço federal de supervisão de comunicações, tecnologia da informação e meios de comunicação de massa, deu ordens aos meios de comunicação russos para não divulgarem a entrevista e os seus conteúdos. E acrescentou que tinha aberto um inquérito aos órgãos que participaram na iniciativa para avaliar a legalidade da sua ação. Entre os media que participaram na entrevista coletiva estiveram o site de investigação Meduza e o canal de televisão independente Dozhd.

Falando em russo, o presidente ucraniano respondeu perguntas afirmou que a invasão causou a destruição de cidades onde os habitantes falam russo e frisou que os danos causados são piores do que os provocados pela guerra na Chechénia.

“Garantias de segurança e neutralidade e um estatuto de país não nuclear. Estamos prontos para fazer estes compromissos. E isto é o ponto mais importante”, declarou Zelensky numa conversa onde afirma também que recusou discutir exigências russas como a desmilitarização da Ucrânia. Já o uso da língua russa na Ucrânia é um tema que aceitou discutir nas negociações. Esta segunda-feira, as negociações diretas e presenciais entre os dois países deverão ser retomadas na Turquia.

Nesta conversa, Volodymyr Zelensky diz que as forças russas estão a fazer uma “remoção forçada de pessoas” para a Rússia e levaram já cerca de duas mil crianças para fora da cidade, como parte de uma onda de deportações de civis para o país invasor, escreve a CNN. O presidente descreveu o cerco russo à cidade de Mariupol como “uma catástrofe humanitária” e afirma que “a cidade está bloqueada pelos militares russos”. “As entradas e saídas de Mariupol estão bloqueadas é impossível lá ir com comida, medicamentos e água”.

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