Augusto Santos Silva não descartou candidatar-se à presidência da República. “Nunca digas nunca”, afirmou, reforçando depois: “O futuro a Deus pertence”. O presidente da Assembleia da República sublinhou, no entanto, que “ainda estamos em 2022” e que falta algum tempo para as próximas presidenciais, sendo “prudente” que o tempo “venha com o vagar suficiente” para conseguir “fruir o presente”.

Numa entrevista à CNN Portugal, Augusto Santos Silva recusou que o discurso que fez na tomada de posse enquanto presidente da Assembleia da República tenha sido dirigido ao Chega, explicando que fez uma “defesa da democracia pluralista”. Ressalvou, contudo, que “uma das diferenças fundamentais” entre um regime democrático e ditatorial é que o primeiro admite “no seu seio pessoas ou grupos que querem destruir a democracia”.

“Imparcial”, “contido” e com avisos para Ventura. As entrelinhas do primeiro discurso de Santos Silva

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Adicionalmente, o presidente da Assembleia da República recusou ter beneficiado os deputados únicos do PAN e do Livre ao dar-lhes o direito à palavra, como foi acusado por André Ventura (que lembrou a abertura da última legislatura). “Nós organizamo-nos como entendemos”, argumentou Santos Silva, que explicou que “tendo havido o pedido de dois deputados únicos” e caso “nenhum grupo parlamentar se opusesse”, esse direito foi concedido.

Voltando a abordar sobre a “pulsão nacionalista” que é um “vírus” que pode contaminar Portugal, Augusto Santos Silva salientou que a Assembleia da República “deve estar preparada” para o combater, acrescentando que as coisas “seriam mais simples” se “o vírus populista nacionalista” estivesse apenas “concentrada” numa força política.

O presidente da Assembleia da República assumiu que vai desempenhar uma posição conciliatória. Comentando os discursos do Presidente da República e do primeiro-ministro desta quarta-feira na tomada de posse do Governo, Augusto Santos Silva caracterizou como “excelentes”. “Pareceu que a convergência era manifesta”, reforçou, assinalando que um “pediu e outro comprometeu-se” — isto quando questionado sobre a hipótese de António Costa sair a meio do mandato e Marcelo Rebelo de Sousa ter abordado essa possibilidade no seu discurso.

“O que posso dizer é uma impossibilidade da ditadura da maioria, que não acontece num regime democrático”, disse Augusto Santos Silva sobre o alerta do Presidente da República, que reforçou que a Assembleia da República continua a ser uma “instância de fiscalização e de escrutínio dos atos de governo e da administração pública”.