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Pires de Lima e Mendes da Silva. Desfiliados agradecem, mas recusam regressar ao CDS

Este artigo tem mais de 2 anos

Pires de Lima vai continuar independente, Mendes da Silva diz que não tem planos para regressar à militância e Mesquita Nunes não fala, mas continua longe. Quatro convites de Melo, nenhum sim.

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LUSA

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Nuno Melo fez um apelo para que os notáveis e ex-dirigentes do CDS que se desfiliaram — em rutura com a direção Francisco Rodrigues dos Santos — voltem ao partido. E, nesse repto, nomeou quatro deles: “Uma palavra para António Pires de Lima, para o Adolfo Mesquita Nunes, para o Francisco Mendes da Silva, para o João Condeixa e outros, que neste momento não estão aqui. O vosso lugar é cá, e esta uma casa a que gostaria um dia quisessem voltar. Farei tudo por isso”. Quatro convites diretos, nenhum ‘sim’: três deles disseram diretamente ao Observador que agradecem as palavras de Melo, mas que pretendem continuar independentes e não têm nos planos refiliarem-se.

António Pires de Lima: “Continuarei independente”

O antigo ministro da Economia, António Pires de Lima, respondeu a Nuno Melo, em declarações ao Observador, já depois do repto do favorito à vitória: “Continuarei independente“. Apesar de rejeitar o apelo para voltar, Pires de Lima mostra estar a torcer pelo eurodeputado: “Desejo as maiores felicidades ao Nuno Melo, por quem tenho muito apreço. O seu sucesso será bom para o espaço da direita democrática e moderada.”

António Pires de Lima com Nuno Melo na campanha das eleições Europeias de 2019

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No último Congresso, António Pires de Lima foi a Aveiro dar um raspanete ao jovem Rodrigues dos Santos a pedir-lhe contenção verbal quando se referia aos adversários do CDS e pedindo-lhe que não utilizasse expressões como “quadrilha de ladrões”. Na intervenção chegou a dizer: “Francisco Rodrigues dos Santos, se te queres dar ao respeito, começa tu por te dar ao respeito dos adversários”. Pires de Lima disse mesmo que era necessário dar “tempo ao Francisco para apurar a sua cultura democrática”. Acabou apupado pelos apoiantes de Rodrigues dos Santos, que estavam em força no Congresso.

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O velho António foi dar uma lição de democracia ao jovem Francisco, levou o dicionário e acabou apupado

Francisco Mendes da Silva: “Não tenho planos de regressar”

Dos quatro referidos por Nuno Melo, houve três que saíram na mesma altura (outubro de 2021), mas um que já tinha saído no verão: o antigo presidente da distrital de Viseu, Francisco Mendes da Silva. O advogado e comentador político também reagiu, em declarações ao Observador, a dizer que agradece “as palavras do amigo Nuno Melo“. Mendes da Silva desejou também “as maiores felicidades e sobre o qual estou convicto de que poderá fazer um bom trabalho na liderança do CDS”. No entanto, declinou o convite para regressar: “Não tenho quaisquer planos de regresso à militância partidária”.

Em junho de 2021, Mendes da Silva, muito crítico da liderança de Francisco Rodrigues dos Santos, não só se desfiliou como renunciou ao mandato de membro da Assembleia Municipal de Viseu para o qual tinha sido eleito pouco menos de quatro anos antes.

Mendes da Silva dizia na altura que esta era uma “decisão difícil”, já que durante as Legislativas de 1995, com apenas 15 anos tinha aderido à Juventude Popular. Para o advogado esta foi mesmo uma “decisão natural” que resulta de uma reflexão sobre as suas posições políticas, bem como a “evolução da relação com o partido” e com as obrigações da vida partidária em geral.

O comentador televisivo dizia ainda que ia continuar “politicamente desperto” e a “pensar ideias políticas em voz alta” e terminava a mensagem de despedida do CDS com um “vamos falando”.

Adolfo Mesquita Nunes: não comenta, mas está longe de regressar

Questionado pelo Observador, Adolfo Mesquita Nunes, que tem recusado comentar a situação do CDS desde que se desfiliou no final de outubro – e recusado, desde então, todos os pedidos de entrevistas sobre o assunto – não quis comentar o convite de Nuno Melo.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

O silêncio do antigo vice, que descreveu na altura a desfiliação como o “ato político mais difícil” da sua vida, deixa assim uma dúvida no ar. Quando, a dias das eleições legislativas, Mesquita Nunes anunciou o seu apoio à Iniciativa Liberal nesse ato eleitoral específico, reconhecendo-lhe um “reformismo sensato”, acrescentou que não concordava com “tudo” o que o partido defende, sobretudo por lhe faltar uma “dimensão social” sólida.

Nessa altura, o ex-CDS argumentava que essa dimensão precisava, na IL, de ser “trabalhada e reforçada”; mas no seio do antigo partido continua a pairar a dúvida – que não desfaz – sobre se planeia ajudar a IL a fazê-lo ou se prefere reconciliar-se com o seu partido de sempre.

Seja como for, apesar do apelo de Nuno Melo, não vai regressar ao partido. Pelo menos nos próximos tempos.

Adolfo Mesquita Nunes anuncia saída do CDS. Pires de Lima também bate com a porta

João Condeixa: “Disponível para ajudar, como independente”

João Condeixa, o menos mediático dos quatro referidos por Nuno Melo, é um antigo dirigente do partido que chegou a subscrever moções com Adolfo Mesquita Nunes e João Almeida. É aquele que responde de forma mais envolvente ao convide de Melo, ao dizer que está “disponível para ajudar”, mas logo complemente que o quer fazer “enquanto independente”. Condeixa acrescenta ainda em declarações ao Observador:”Estarei sempre disponível para contribuir com ideias e propostas para que o centro-direita possa marcar a sua própria agenda política mas nesta fase, enquanto independente.”

Quando se desfiliou, em outubro de 2021, João Condeixa já tinha 24 anos de militante. Explicava que a decisão que estava a tomar “não é circunstancial”, embora admitisse que o “tribalismo vivido no seio do CDS” precipitou a decisão de abandonar o partido.

O partido que defende, alegava, “não veio” e, pior do que isso, “foi adiado”. As críticas a Francisco Rodrigues dos Santos, numa carta que enviou ao secretário-geral Francisco Tavares, eram duas. Condeixa dizia que saia numa altura em que o partido tinha virado “um organismo saprófita” e que adotava “uma postura parasitária”.

Visando diretamente o presidente de Francisco Rodrigues dos Santos, João Condeixa dizia que desconhecia “em que camarata a atual direção” tinha aprendidao “o tal código de honra e atitude na vida”, mas que era pena “não ter aprendido em casa a decência dos argumentos e do debate”.

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