A invasão da Rússia à Ucrânia chegou esta terça-feira ao 41.º dia. Um dos temas que continuará a marcar a discussão é o cenário encontrado na cidade ucraniana de Bucha, onde o governo ucraniano estima que tenham morrido mais de 400 pessoas. Zelensky fala durante esta tarde no Conselho de Segurança da ONU e a União Europeia propôs, durante a manhã, o fim das importações de carvão russo.
Olhando para o mapa que mostra a movimentação das tropas do dois países, é possível perceber que a Rússia continuará a dominar alguns territórios junto à fronteira que separa a Ucrânia e a Rússia e no Mar de Azov. Chernihiv, a região da central nuclear de Chernobyl e da central nuclear de Zaporíjia são consideradas áreas disputadas. Neste contexto, a Ucrânia anunciou a abertura de sete corredores humanitários.
A Ucrânia terá conseguido recuperar território a norte do país, com avanços registados em Kiev e em Zhytomyr. Segundo o ministério da Defesa do Reino Unido, os militares ucranianos forçaram “as forças russas a recuar das áreas ao redor de Chernihiv e ao norte de Kiev”. “A luta de baixo nível provavelmente continuará em algumas partes das regiões recém-recapturadas, mas diminuirá significativamente ao longo desta semana, à medida que as restantes forças russas se retirarem”, acrescentaram os serviços britânicos.
Aqui fica um ponto de situação para compreender o que aconteceu nas últimas horas. Pode também seguir os desenvolvimentos, minuto a minuto, no liveblog do Observador.
O que se passou durante a tarde e a noite?
- O ministério dos Negócios Estrangeiros português expulsou 10 funcionários da embaixada russa.
- No terreno, ouviram-se explosões em Lviv, no oeste da Ucrânia.
- O Presidente da Ucrânia falou no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas, acusando a Rússia de matar “propositadamente qualquer pessoa que tenha servido o país” em Bucha.
- Pela parte dos EUA, a embaixadora norte-americana na Organização das Nações Unidas denunciou os “campos de triagem”, em que os soldados russos enviam “milhares de cidadãos ucranianos”, retirando-lhes “passaportes, cartões de cidadão e telemóveis”. Depois, “são enviados para a Rússia”.
- Aproveitando para responder a Zelensky, Vassily Nebenzia, embaixador russo nas Nações Unidas, acusou o Presidente ucraniano de chamar “subespécies aos habitantes de Donetsk e Lugansk” e garantiu que a Rússia quer cortar o “tumor nazi” no país vizinho.
- Antes, António Guterres defendeu que seja aberta uma “investigação independente” ao massacre de civis em Bucha para que os perpetradores possam ser realmente responsabilizados.
- Zelensky também falou no parlamento espanhol, tendo comparado o que se passa na Ucrânia a Guernica, cidade basca que foi bombardeada durante a Guerra Civil Espanhola e que deu origem a um dos quadros mais famosos do pintor espanhol Pablo Picasso.
- No seu discurso ao final da noite, o Presidente ucraniano proclamou Kiev como “a capital da luta pela liberdade de todo o continente europeu”.
- A NATO alertou que a Rússia está a reforçar o dispositivo militar “para assumir o controlo da totalidade do Donbass”, leste da Ucrânia, e “estabelecer uma ponte terrestre com a Crimeia”, anexada por Moscovo em 2014.
- Por seu turno, Vladimir Putin advertiu que a nacionalização de ativos energéticos russos por países como a Alemanha é uma “faca de dois gumes” e anunciou que Moscovo vai “monitorizar” as entregas de alimentos a países “hostis”.
- Ainda pelo lado da Rússia, o ministro dos Negócios Estrangeiros voltou a acusar a “histeria” nas acusações de crimes de guerra em Bucha, alegando que o objetivo do Ocidente passa por atrasar as negociações entre a Rússia e a Ucrânia.
- O exército russo diz ter abatido dois helicópteros ucranianos esta terça-feira, através do porta-voz do ministério russo da Defesa, Igor Konashenko.
- Os Estados Unidos da América vão anunciar amanhã mais sanções, que serão mais abrangentes e irão impor “impor custos significativos à Rússia e provocar um isolamento ainda mais acentuado a nível económico, financeiro e tecnológico”.
- Já Boris Johnson chamou à atenção para as “atrocidades cometidas pelas forças russas em Bucha, Irpin e noutros sítios da Ucrânia horrorizaram o mundo (…) Os relatos são tão chocantes, não é de espantar que o vosso governo esteja a tentar escondê-los de vocês”.
- A Estónia anunciou que enviou armas letais para a Ucrânia, tais como mísseis antitanques, armas automáticas, munições, granadas, entre outros.
O que aconteceu durante a manhã e início da tarde
- União Europeia propôs o fim das importações de carvão russo. A medida tem ainda de ser aprovada pelos 27 membros da UE.
- Plano russo poderá passar por construir uma “Eurásia aberta de Lisboa a Vladivostok”, disse Medvedev.
- Sobre o caso de Bucha, o procurador do Tribunal Penal Internacional uma lista com os nomes dos soldados russos que terão estado envolvidos no alegado massacre de civis na cidade. E a ONU revelou que as imagens tiradas em Bucha “apontam no sentido de que civis foram atingidos deliberadamente”.
- Jens Stoltenberg, secretário-geral da NATO, disse esta terça-feira que o apoio da NATO está a permitir a resistência da Ucrânia.
- Nos supermercados de uma cidade russa, transmitem-se mensagens contra a guerra na etiqueta dos preços. As descrições dos produtos foram substituídas por propaganda contra a guerra na Ucrânia.
- Estados Unidos passam a proibir pagamentos de dívida em dólares pela Rússia.
- Tropas russas atingem tanque de ácido nítrico na região de Lugansk. As autoridades pediram às pessoas que fiquem em abrigos e que não abram janelas e portas, tendo em conta o perigo caso o ácido nítrico seja inalado, ingerido ou esteja em contacto com a pele.
- Autarca de Kiev pediu aos líderes europeus o corte dos laços comerciais com a Rússia: “Cada euro, cada cêntimo que recebem ou dão à Rússia tem sangue”.
- Espanha, Itália, Suécia e Dinamarca anunciaram a expulsão de diplomatas russos.
- Do lado da Rússia, chegou a informação de que as negociações estarão a decorrer, por videoconferência. No entanto, o Kremlin “prematuro” falar de um encontro entre os ministros dos Negócios Estrangeiros russo e ucraniano.
- Ursula von der Leyen e Josep Borrell vão visitar Kiev e encontrar-se com Zelensky esta semana.
- Zelensky admitiu que as tropas ucranianas estão a ter dificuldades em fazer recuar o exército russo em Mariupol.
- O Presidente ucraniano admitiu a possibilidade de já não haver um encontro com Putin, mas o Kremlin disse que não rejeitava a possibilidade de um encontro entre os líderes dos dois países.
- Ucrânia abriu sete corredores humanitários esta terça-feira para permitir a saída de várias cidades em segurança. O corredor mais importante é o que está entre Zaporijia e a cidade de Mariupol.
- Ucrânia diz que já morreram ou ficaram feridos 18.500 soldados russos.
- Os números do governo ucraniano revelam também que morreram, pelo menos 165 crianças, desde o início da guerra.
- Na região de Kharkiv, no leste da Ucrânia, as autoridades ucranianas registaram 54 ataques contra a cidade. Terão morrido, pelo menos, seis pessoas.
- Um analista pró-Putin escreveu um artigo a defender que parte da população ucraniana é constituída por “nazis passivos”. Pode ler aqui o polémico texto.
- As escolas portuguesas já receberam mais de 1800 alunos ucranianos, segundo o ministro da Educação.
- Também em Portugal, o ministro das Finanças disse ter já adotado medidas importantes para conter o impacto do aumento dos combustíveis.
O que aconteceu durante a madrugada e início da manhã
- O Ministério da Defesa do Reino Unido divulgou o seu relatório diário e revelou que a Ucrânia está a recuperar terreno no norte do país e está também a obrigar as forças russas a recuar.
- Governador de Lugansk avisa que as forças russas estarão a preparar um “ataque em grande escala” no leste da Ucrânia.
- O governo ucraniano disse que já morreram 18 jornalistas desde o início da invasão da Rússia à Ucrânia.
- Ucrânia anuncia a abertura de sete corredores humanitários esta terça-feira.
- Uma equipa do Comité Internacional da Cruz Vermelha foi libertada, depois de ter sido impedida de seguir a sua viagem para Mariupol.
- No seu vídeo diário, o Presidente ucraniano criticou a hesitação do Ocidente para sancionar Rússia, depois do que aconteceu em Bucha: “Era realmente necessário esperar por isto para pôr de lado as dúvidas e a indecisão?”
- Zelensky fala durante a tarde de hoje, pela primeira vez, na reunião do Conselho de Segurança da ONU. E discursa também no parlamento espanhol.
- Kiev pediu à China que desempenhe papel importante nas negociações para a paz. Os ministros dos Negócios Estrangeiros dos dois países falaram depois da cimeira entre China e União Europeia.
- O Banco Mundial prevê desaceleração nas economias da região Ásia-Pacífico. No pior cenário, o Banco Mundial prevê que o crescimento desacelere para 4%