Dmitry Medvedev antigo primeiro-ministro e ex-presidente da Rússia, fez esta terça-feira algumas sugestões sobre os objetivos russos em relação à dinâmica mundial: “O objetivo é a paz das gerações ucranianas futuras e a oportunidade de, finalmente, criar uma Eurásia aberta – de Lisboa a Vladivostok”.

Através do Telegram, o aliado de Putin publicou um longo texto, que termina com a referência à criação de uma área livre de comércio — a começar no leste da Rússia e a terminar no ponto mais ocidental da Europa, que é a capital portuguesa. Este percurso cumpre, aliás, o percurso transiberiano.

“O Presidente russo, Vladimir Putin, estabeleceu firmemente a meta de desmilitarização e desnazificação da Ucrânia. Estas tarefas complexas não acontecem todas de uma só vez”, escreveu Medvedev, acrescentando que estas mudanças poderão acontecer fora dos “campos de batalha” e que “mudar a consciência sangrenta e cheia de falsos mitos de uma parte dos ucranianos de hoje será o objetivo mais importante”.

Dmitry Medvedev criticou ainda os ucranianos, por considerar que têm “pensamentos de ódio por tudo o que é russo”, em vez de terem “orgulho pelas conquistas conjuntas dos seus antepassados, desde 1991”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

As declarações de Medvedev causaram espanto e, no Twitter, o ex-embaixador da Ucrânia na Áustria, Olexander Scherba, questionou: “Então, nem mesmo Lisboa está segura agora?”

Também o ministro da Defesa da Letónia usou as redes sociais: “Um massacre semelhante a Bucha de Lisboa a Vladivostok, é isso que eles querem dizer”.

Ao longo dos últimos dias, Dmitry Medvedev tem dito que as acusações feitas pelo governo ucraniano contra a Rússia são falsas, rejeitando responsabilidades por parte da Rússia em relação ao que aconteceu em Bucha, a cidade ucraniana perto de Kiev. À Reuters, o antigo presidente russo considerou que existe “propaganda falsa”. “São falsificações que crescem na imaginação cínica da propaganda ucraniana.”

Imagens satélite contrariam versão russa. Vala comum junto a igreja e corpos espalhados na estrada desde 10 de março