A Guarda Civil espanhola, em conjunto com agentes federais dos Estados Unidos da América, apreendeu na segunda-feira o iate ligado ao oligarca russo Viktor Vekselberg, em Palma de Maiorca.
Esta é a primeira apreensão das autoridades norte-americanas a um iate russo desde que vários países do mundo impuseram sanções aos grandes multimilionários ligados à Rússia, o que levou, nos EUA, à criação das task force REPO — do inglês Elites Russas, Procuradores e Oligarcas.
Segundo o Departamento de Justiça dos EUA, citado pela Sky News, o iate Tango — avaliado em cerca de 110 milhões de euros — foi apreendido pela violação de fraude bancária e lavagem de dinheiro, de entre outras sanções.
O oligarca é, segundo o mesmo órgão de notícias, um aliado próximo de Putin, assim como líder do Grupo Renova, ligado a empresas metalúrgicas e de minérios. Todos os bens de Viktor Vekselberg foram congelados nos EUA, e as empresas norte-americanas foram impedidas de negociar com as entidades representadas pelo oligarca, que tinha já sido sancionado pela primeira vez em 2018 e novamente em março deste ano.
No Reino Unido, mais de mil oligarcas foram sancionados em consequência da invasão da Rússia à Ucrânia. No país insular do norte da Europa, não só os oligarcas mas também os membros da tripulação dos iates e dos aviões dos multimilionários russos poderão ser alvo de sanções, uma hipótese a ser estudada pelo ministério britânico dos Negócios Estrangeiros, conta o The Guardian.
O objetivo, segundo o jornal britânico, é dificultar a manutenção das embarcações e aeronaves dentro do Reino Unido que estejam ligadas aos alvos russos. Além disso, a ação prevê dificultar a capacidade dos oligarcas em encontrar funcionários disponíveis para retirar os seus bens de transporte de luxo do Reino Unido.
Este novo avanço nas sanções contudo, como explicou Benjamin Maltby, especialista em Direito sobre iates e bens de luxo do Reino Unido, ao Business Insider, poderá não ser necessário para que o desincentivo às tripulações se faça sentir. Quando um iate é apreendido, o custo da sua manutenção continua a recair sobre o proprietário do bem, pelo que a possibilidade de não ser pago é um fator preocupante para a tripulação.
Se existir o risco de a tripulação não ser paga, eles não vão pensar duas vezes e vão abandonar o navio. Além disso, podem não querer trabalhar nas embarcações de qualquer maneira, neste momento”, esclareceu o advogado britânico.
Benjamin Maltby considera também que a hipótese de a atual situação poder tornar-se, no futuro, negativa para a carreira dos elementos que operam os navios e os aviões privados dos oligarcas russos, poderá ser algo que leve as tripulações a não quererem ser associadas a indivíduos sancionados ou aos seus iates apreendidos.
Michael Zlotowicz, capitão do iate Justine, ancorado em Nova Iorque, esclareceu ao Insider também que as “tripulações nos megaiates são quase sempre contratadas e pagas por firmas ligadas ao ramo dos iates e dos funcionários de navios e aviões, e não pelo dono direto do bem”.
Assim, para o capitão do Justine, é improvável que os elementos que trabalham nestas embarcações sejam “leais ao proprietário e que sejam provavelmente apenas pagos pelo seu tempo até serem redirecionados”. A confirmar-se, a falta do salário será, portanto, um fator vital para a manutenção dos iates russos.