Ao 48.º dia de guerra, a Ucrânia mantém-se em controlo dos territórios a norte de Kiev, incluindo das cidades de Chernihiv e Sumy, de onde as forças russas retiraram, mas no leste o cenário é de primazia do invasor — Mariupol permanece cercada e continua a ofensiva rumo aos municípios de Lugansk e Donetsk, no Donbass.
De Lugansk há relatos de “fortes bombardeamentos”. Para este dia estão previstos nove corredores humanitários, sendo que cinco deles têm origem precisamente nesta cidade do leste ucraniano.
O governo britânico alerta para a escalada do conflito nas próximas “duas ou três semanas”, uma conclusão que deriva do reposicionamento das forças militares e do aumento dos recursos em direção ao leste do país.
Eis um ponto de situação, para ficar a par do que de mais importante aconteceu nas últimas horas no conflito. Também pode acompanhar toda a cobertura do Observador, ao minuto, no nosso liveblog:
O que aconteceu durante a tarde e a noite?
- O Presidente ucraniano denunciou “centenas de casos de violações” registados em áreas que estiveram sob ocupação do exército russo, “incluindo meninas menores de idade e crianças muito pequenas”. Num discurso perante o parlamento lituano, deixou também um alerta de que a Ucrânia é “apenas o início” do expansionismo russo. Próximos alvos podem ser a Lituânia, “a Moldávia, a Geórgia, a Polónia e outros Estados da Ásia Central”.
- O Serviço de Segurança da Ucrânia capturou o político pró-Rússia Viktor Medvedchuk. Horas depois, Volodymyr Zelensky sugeriu que Moscovo entregue os ucranianos detidos na Rússia, em troca de Medvedchuk.
Serviço de Segurança da Ucrânia captura político pró-russo Viktor Medvedchuk
- A Rússia parece estar a aumentar a presença militar junto à fronteira com a Finlândia, noticiou a Bloomberg, no seguimento de o país (juntamente com a Suécia) ter anunciado que deverá entrar na NATO.
- O presidente norte-americano, Joe Biden, apelidou, pela primeira vez, a invasão russa de “genocídio”.
- O governo ucraniano fez um novo balanço sobre as baixas no exército russo. De acordo com o Ministério dos Negócios Estrangeiros, desde o início da guerra já morreram 19.600 soldados.
- O Presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que o massacre de Bucha, alegadamente perpetrado pelas tropas russas na região de Kiev, é uma falsificação que comparou a acusações contra o homólogo e aliado sírio, Bashar al-Assad.
- O comentário de Putin surge no mesmo dia em que é divulgado um novo balanço das autoridades da região de Kiev, ainda é provisório. Estima-se que pelo menos dez menores estejam entre as 400 vítimas do massacre em Bucha.
- Mykhailo Podolyak, membro da delegação ucraniana que tem reunido com Moscovo para negociar o fim da invasão russa à Ucrânia, disse que, apesar de difíceis, as negociações com a Rússia continuam. O comentário surgiu depois de Putin ter dito que as negociações estão num “beco sem saída”.
- Pavlo Kyrylenko, governador da região de Donetsk, adiantou que dados preliminares apontam para a morte de cerca de 22 mil pessoas na cidade portuária de Mariupol desde o início da guerra.
O que aconteceu durante a manhã
- A coluna militar de 13 quilómetros que estava este domingo nos arredores de Kharkiv, já está perto de Matveev Kurgan.
- Ucrânia investiga a hipótese de ter sido utilizado fósforo branco no ataque que aconteceu esta segunda-feira em Mariupol. Por outro lado, as força separatistas pró-russas negaram a utilização de armas químicas.
- As autoridades da região de Kiev avançaram esta terça-feira que já foram contabilizados 400 civis mortos em Bucha. E seis pessoas foram encontradas mortas na cave de um edifício em Kiev.
- Os alegados crimes de guerra cometidos pela Rússia em território ucraniano continuam a ser discutidos por outros países. França enviou uma unidade de polícia e investigadores forenses para a Ucrânia, para recolher provas.
- Zelensky falou no Parlamento da Lituânia e denunciou “centenas de casos de violação, incluindo de crianças muito pequenas”.
- Mais de 4,6 milhões de ucranianos fugiram da guerra para outros países, desde o início da invasão da Rússia à Ucrânia. Mais de metade foram recebidos pela Polónia.
- Putin enviou quase 100 mil ucranianos para áreas remotas da Rússia, como a Sibéria e Círculo Polar Ártico. O líder do Kremlin deu uma entrevista e garantiu que “não teve escolha”, a não ser lançar uma “operação militar” na Ucrânia. E afirmou que as negociações estão num “beco sem saída” e que a invasão só acaba quando a Rússia atingir os seus objetivos.
- A unidade militar com fortes ligações à extrema-direita, chamada batalhão Azov, partilhou um vídeo no Telegram com alegados feridos de ataque com armas químicas.
- Foi anunciada a abertura de nove corredores humanitários durante esta terça-feira, incluindo na cidade portuária de Mariupol e Lugansk.
- Putin poderá ter expulsado 150 agentes do FSB depois de falhas na invasão à Ucrânia. O diretor do 5.º Serviço dos serviços secretos russos foi preso e os cerca de 150 funcionários deixaram de trabalhar nas instalações.
- Japão decidiu congelar os bens de quase 400 russos, incluindo as filhas de Putin. No contexto das sanções, a empresa finlandesa Nokia anunciou que vai terminar operações na Rússia.
O que aconteceu durante a madrugada
- Portugal garantiu que vai enviar “em breve” mais de 99 toneladas de material médico e militar;
- A Organização Mundial do Comércio divulgou uma análise onde estima que o crescimento do comércio internacional seja metade do esperado para 2022;
- Ficou a saber-se que Putin e Lukashenko se reunirão esta terça-feira para discutir a situação na Ucrânia e as sanções impostas pelo Ocidente;
- No vídeo divulgado à noite, Zelensky apontou o dedo ao ocidente pela perda de vidas de civis ucranianos, consequência da falta do envio de armas para reforçar os militares ucranianos. “Não estamos a receber o que precisamos para acabar com esta guerra rapidamente”, apontou o presidente ucraniano;
- Já depois de ter confirmado que os militares russos deixaram milhares de minas nas cidades por onde passaram, a Ucrânia alerta para o perigo de mexer nos artefactos, pedindo aos cidadãos para que não se aproximem;
- Em Bucha, onde centenas de civis foram mortos, continuam os trabalhos de exumar os corpos para investigação dos alegados crimes de guerra;
- As crianças ucranianas dão rosto ao conflito e a ONU já confirmou a morte de 142, mas garante que “o número é muito maior”, numa altura em que afirma também que “dois terços das crianças ucranianas abandonaram as respetivas casas”;
- Foram confirmados mais nove corredores humanitários para esta terça-feira, sendo que cinco deles são especificamente para a cidade de Lugansk que está sob fortes bombardeamentos.