O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, garante que “a batalha continua” em Mariupol, cidade que “continua a resistir” apesar do cerco russo que dura há semanas. Também esta sexta-feira, a ONU admitiu que podem ter ocorrido “crimes de guerra” na Ucrânia, falando em “execuções sumárias” em Bucha, e a Rússia revelou os seus planos para a “segunda fase” da invasão, em quatro pontos (que incluem o controlo de Donbass e uma entrada numa região moldava).

Estes são alguns dos principais destaques das últimas horas. Eis o que se sabe nesta altura, no 58º dia de conflito na Ucrânia.

O que aconteceu no final da tarde e início da noite?

  • As últimas horas ficaram marcadas pelo anúncio da visita de António Guterres a Moscovo na terça-feira. O secretário-geral das Nações Unidas será recebido por Vladimir Putin e almoçará com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov.
  • O ministério da Defesa russo alegou que conseguiu capturar uma “grande” área da região de Kharkiv usada para armazenamento de armas e munições pelas forças ucranianas.
  • O Estado-Maior das Forças Armadas da Ucrânia alertou para um possível ataque russo no oblast de Kherson, no sul do país, onde o exército invasor tem feito uma série de voos de reconhecimento.
  • Milhares de civis e cerca de 500 soldados feridos precisam de “retirada imediata” de Mariupol, cidade ucraniana destruída pelas forças russas, disse a embaixadora da Ucrânia em Portugal, Inna Ohnivets.
  • Petro Andryushchenko, conselheiro do presidente da câmara de Mariupol, anunciou que terá sido localizada uma nova vala comum nos arredores da cidade.
  • A Moldávia convocou o embaixador da Rússia para protestar contra as declarações de um general russo afirmando que Moscovo pretende controlar o sul da Ucrânia para ter acesso a uma região separatista moldava.
  • O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acredita que a Rússia vai invadir a Transnístria.
  • Após o naufrágio do navio de guerra russo Moskva, a Rússia alegou que apenas uma pessoa morreu, dando conta também de 27 desaparecidos.
  • França, que até agora se tinha mostrado relutante em fornecer determinados equipamentos militares à Ucrânia, está a enviar para o país invadido pela Rússia canhões e mísseis antitanque, divulgou o Presidente francês Emmanuel Macron.
  • Iryna Vereshchuk, vice-primeira-ministra da Ucrânia, pediu ajuda à Organização das Nações Unidas para a abertura de corredores humanitários, que apenas ocorrerão sem acidentes com o apoio da ONU: “Guterres precisa de se envolver”.
  • O líder da equipa negocial da delegação russa, Vladimir Medinsky, adiantou que teve “várias conversas longas” com o líder da delegação ucraniana para as negociações que decorrem entre os dois países tendo em vista um cessar-fogo.
  • Sobre este assunto, Vladimir Putin acusou o regime ucraniano de se ter mostrado “inconsistente” nas suas posições ao longo do processo de negociações com vista à paz, que tem juntado delegações de Kiev e Moscovo.
  • A ilha de Taiwan demonstrou o seu apoio à Ucrânia, prometendo ajudar na luta contra o “autoritarismo” e declarando que a “liberdade vai prevalecer”.
  • Dmitry Medvedev, ex-Presidente russo e um dos aliados de Vladimir Putin, citou dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) para destacar que a Europa “não será capaz de sobreviver sem o gás russo por seis meses”.
  • Um conjunto de instituições russas e figuras do Kremlin terão sido atacadas por hackers. A informação é avançada pelo jornal norte-americano The New York Times, que diz que estes hackers em questão alegam ter conseguido atingir dezenas de instituições russas ao longo dos últimos dois meses.

O que aconteceu ao início da tarde?

A Rússia deu a conhecer, através de um comunicado e de declarações do comandante-adjunto do Distrito Militar Central da Rússia, general Rustam Minnekayev, os objetivos para a “segunda fase” da invasão à Ucrânia. O foco está agora em controlar o Sul e o Leste do país, incluindo a região de Donbass; criar um corredor para a Crimeia; bloquear os portos que dão acesso ao Mar Negro; e chegar à Moldávia pela região separatista pró-russa de Transnístria.

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Vladimir Putin falou com o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e disse que a Ucrânia “não está a demonstrar estar pronta para aceitar soluções aceitáveis por ambas as partes”. Na mesma chamada, acusou Volodymyr Zelensky de não permitir a rendição das tropas ucranianas em Mariupol.

O que aconteceu durante a manhã?

Um avião militar ucraniano caiu no sul do país. As autoridades locais confirmam que há vítimas mortais, mas sem indicar um número ao certo.

A ONU admitiu esta manhã que as ações da Rússia na Ucrânia “podem constituir” crimes de guerra, de acordo com informações avançadas pela AFP.

A missão da ONU enviada a Bucha, a cidade em que a Ucrânia diz ter havido um “massacre” infligido pelos russos, perto de Kiev, diz ter provas de que 50 civis foram mortos lá, incluindo através de “execuções sumárias”.

Ainda há 50 mil pessoas que continuam presas na cidade cercada de Mariupol, segundo as contas do governo ucraniano. À Sky News, a vice primeira-ministra da Ucrânia, Iryna Vereshchuk, adiantou que a missão de retirar civis da cidade “não está cumprida”.

O Papa desistiu de viajar para Kiev, para não colocar em risco o fim da guerra, e também não se irá encontrar com o patriarca ortodoxo russo Cirilo, apesar do seu bom relacionamento, noticiou hoje o jornal La Nación. “De que serviria o Papa ir a Kiev se a guerra continuar no dia seguinte?”, questionou o Papa.

O que aconteceu durante a noite e madrugada?

Apesar de as forças russas terem, ainda na quinta-feira, terem afirmado que Mariupol tinha, finalmente, sido “libertada”, a Ucrânia discorda. “A batalha continua: no sul e no leste do nosso país, as forças de ocupação continuam a fazer tudo para ter alguma razão para falar de, pelo menos, algumas vitórias”, comentou o Presidente ucraniano, desvalorizando a declaração de vitória feita pela Rússia.

Não foram abertos corredores humanitários hoje na Ucrânia. A vice-primeira ministra ucraniana anunciou que não foram abertos corredores humanitários hoje na Ucrânia devido “ao perigo dessas rotas”.

A invasão russa da Ucrânia já terá provocado a morte a 208 crianças e ferido mais 386, segundo dados atualizados esta sexta-feira pelo parlamento ucraniano.

Surgiram novas imagens de satélite da empresa Maxar Technologies, vistas numa sequência entre 23 de março e 3 de abril, que mostram a evolução do que parece ser uma vala comum gigante em Manhush, cidade a 20 quilómetros de Mariupol.

Autarquia de Mariupol denuncia vala comum em Manhush — que pode ter até nove mil corpos de residentes da cidade

Vladimir Putin “ainda pode vencer esta guerra“ se usar as suas forças “de forma inteligente”, diz um responsável político (ocidental) que falou com a Sky News.