Luís Marques Mendes entende que o caso dos refugiados ucranianos em Setúbal é “gravíssimo e assustador”. “Isto é quase espionagem de guerra. Não se deve desvalorizar”, considera o antigo líder social-democrata.

Mesmo sem se saber se estamos perante “má-fé ou apenas desleixo”, para o comentador, o presidente da Câmara de Setúbal, o comunista André Martins, revelou uma enorme “falta de bom senso político” ao permitir que uma associação com ligações a Moscovo continuasse a trabalhar de perto com refugiados ucranianos.

Além disso, Marques Mendes acusou ainda André Martins de estar a continuar a tentar desviar o foco das atenções quando pede abertura de inquéritos ao Governo. “O presidente da Câmara usou uma esperteza. Pode-se fazer um inquérito, mas o inquérito não vai dar nada. E ele sabe que do ponto de vista formal, burocrático e jurídico está tudo bem.”

O Expresso revelou que refugiados ucranianos foram recebidos em Setúbal por responsáveis da associação com ligações ao regime de Vladimir Putin, e que alegadamente terão fotocopiado documentos de identificação, o que assustou os cidadãos ucranianos.

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A funcionária da câmara Yulia Khashina, mulher de Igor Khashin e também envolvida no acolhimento de refugiados, foi afastada pela autarquia e assim ficará até haver conclusões sobre o caso.

No seu habitual espaço de comentário na SIC, Luís Marques Mendes elogiou ainda o papel desempenhado por António Guterres nas deslocações à Rússia e à Ucrânia, sugerindo que o ataque a Kiev quando o secretário-geral da ONU estava ainda reunido com Volodymyr Zelensky revela o “desespero” de Putin. “Foi uma tentativa de humilhar mas resulta mal para a Rússia”, argumentou.

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“Costa está fazer exatamente o contrário de que fez Sócrates”

O antigo líder social-democrata olhou ainda para o Orçamento do Estado para 2022 e, mesmo reconhecendo as várias fragilidades do documento, Marques Mendes considera que o primeiro-ministro teve o grande mérito de manter a orientação pelas contas certas.

“O Governo António Costa está a fazer exatamente o contrário do que fez José Sócrates em 2009. Não tem uma marca reformista. Não tem uma estratégia forte de crescimento económico. Introduz perda de poder compra. Agora, tem uma válvula de segurança: a aposta numa forte redução do défice e da dívida é uma aposta certa”, argumentou.

Luís Marques Mendes destacou também sobre o discurso de Marcelo Rebelo de Sousa durante o 25 de Abril, elogiando o impacto que o Presidente da República conseguiu ter na agenda política e mediática.

“Muito boa gente disse que o poder do PR se ia reduzir; sempre pensei de maneira diferente e acho que os factos o demonstram. [O discurso de tomada de posse do Governo e o do 25 de Abril] condicionaram e marcaram a agenda política”, disse.

O comentador acabou também por falar sobre o regresso da contestação social e por este primeiro teste do 1º de Maio. “António Costa nunca teve contestação social. A CGTP estava mais doce e praticou uma política de aumento de poder compra. Esses dois pressupostos já não existem”, antecipou.