O primeiro-ministro da Polónia, Mateusz Morawiecki, afirmou, esta terça-feira, que o mundo precisa de uma “desputinização”, isto é, a queda do atual regime russo liderado por Vladimir Putin. Caso contrário, o líder polaco antecipa que “não só se perderá a Ucrânia”, como também a “liberdade e a soberania” de todos os povos. “A Rússia não vai parar em Kiev. Desencadeou uma longa marcha até o Ocidente e cabe-nos a nós decidir onde é que a vamos parar.”

Num artigo de opinião no jornal britânico Telegraph, Mateusz Morawiecki compara o Presidente russo a Hitler e Estaline. Contudo, para o primeiro-ministro polaco, Vladimir Putin é “mais perigoso” do que o líder da Alemanha nazi e o da União Soviética. O chefe de Estado russo tem “armas mais mortíferas à sua disposição” e também tem meios de comunicação social “para espalhar a sua propaganda”, explica.

A atual ideologia de Vladimir Putin, que Mateusz Morawiecki designa de “Russkiy Mir”, é o “equivalente ao comunismo e ao nazismo do século XX”: “É uma ideologia através da qual a Rússia justifica direitos e privilégios inventados para o seu país”. Além disso, é a “base” que sustenta a “‘missão histórica especial’ do povo russo”, disse o primeiro-ministro polaco, acrescentando que é “em nome dessa ideologia que Mariupol e dezenas de cidades ucranianas foram devastadas”. 

“Os soldados russos foram enviados para a guerra, convencidos da sua superioridade”, assinalou Mateusz Morawiecki, que realçou que também foram encorajados a cometer “crimes de guerra” — “os assassinatos, as violações e [as ações] de tortura a civis inocentes”. Ainda sobre esta ideologia seguida por Vladimir Putin, o primeiro-ministro da Polónia refere que é uma das justificação que a Rússia usa para “deportar ucranianos para o território russo”.

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Avisando que o Ocidente não pode ter “quaisquer ilusões” e que isto “é uma estratégia deliberada” do Presidente russo, Mateusz Morawiecki caracteriza a atual ideologia de Vladimir Putin como sendo “um cancro” que não só “está a consumir a maioria da sociedade russa, como também é uma ameaça mortífera para toda a Europa”. “Por isso, não basta apoiar a Ucrânia na sua luta militar contra a Rússia. Devemos cortar inteiramente com esta nova ideologia monstruosa”, apelou o primeiro-ministro polaco.

No que concerne às celebrações do Dia da Vitória na Rússia no dia 9 de maio, Mateusz Morawiecki salientou Vladimir Putin tentou “mostrar mais uma vez ao mundo a mitologia da vitória russa sob o nazismo”. Contudo, o primeiro-ministro polaco apontou que o Presidente russo “ignorou o facto de que, quando o Exército Vermelho derrotou a Alemanha nazi, [isso] trouxe a escravatura a muitas nações”. “O Ocidente escolheu comprometer-se com Estaline, sabendo que era um pacto com o Diabo”, lembrou ainda.

Este “pacto com o Diabo” foi pago pela Europa Central e Oriental, sendo que o “renascimento” do continente apenas “foi possível sob uma condição”: “Foi necessário construir um sistema no qual a guerra e o totalitarismo nunca mais seriam possíveis”. Não obstante, a o primeiro-ministro polaco reforçou que a “última agressão da Rússia contra a Ucrânia faz toda a Europa perguntar-se as fundações da liberdade ainda estão firmes e intactas”.