A NATO está disponível para destacar militares na Finlândia e na Suécia, uma vez concluídos os processos de adesão na Aliança Atlântica e caso os dois países solicitem esta presença, foi nesta quinta-feira divulgado.

“Cada país decide por si se quer ou não mais tropas”, destacou o presidente do Comité Militar da NATO, o almirante Rob Bauer, em conferência de imprensa após uma reunião dos responsáveis pela Defesa da Aliança Atlântica, em Bruxelas.

A tensão causada pelo aumento de tropas russas junto à fronteira ucraniana nos últimos meses, que culminou com a invasão daquele país em 24 de fevereiro, levou a NATO a desdobrar batalhões multinacionais no flanco leste.

Os novos destacamentos militares na Eslováquia, Hungria, Polónia e Bulgária, juntaram-se aos já destacados na Estónia, Letónia, Lituânia e Polónia, como resultado da agressão russa no leste da Ucrânia em 2014.

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“A questão da presença militar [nos países] não é algo que a NATO obriga os países a fazer, é uma combinação do pedido dos países e da discussão sobre quem vai ajudá-los“, frisou o almirante neerlandês, citado pela agência Efe.

No entanto, o presidente do Comité Militar da NATO reconheceu que, caso a Finlândia e a Suécia se tornem membros da Aliança, “uma das discussões” será se estes países pretendem ter militares nos seus territórios.

Estocolmo e Helsínquia apresentaram na quarta-feira o seu pedido formal de adesão à NATO, após décadas de neutralidade em matéria de Defesa e devido à ameaça russa, após a invasão da Ucrânia.

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A Turquia anunciou um veto a estes pedidos de adesão, com Ancara a acusar os dois países nórdicos de abrigarem ou apoiarem militares curdos e outros que considera serem uma ameaça à sua segurança. Os 30 membros da Aliança Atlântica têm de estar de acordo para permitir novas entradas.

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Rob Bauer considerou também “importante” que ambos os países tenham, desde o momento em que apresentam o pedido de adesão e até que este esteja concluído, “garantias de segurança que não é o mesmo do que o artigo 5.º, visto ainda não serem membros”. O almirante lembrou que existem já “vários países ou grupos de países” que “concordaram em ajudá-los”.

O presidente do Comité Militar da NATO considerou também os dois países nórdicos os “parceiros mais próximos” que estão “habituados a trabalhar” com a Aliança Atlântica em diferentes exercícios ou operações.

Além de duplicar a linha de fronteira entre a Rússia e a NATO, a entrada da Finlândia também permitiria à organização de defesa ficar a 200 quilómetros da segunda maior cidade da Rússia, São Petersburgo.

Por seu lado, o Comandante Supremo da Aliança para a Europa (SACEUR), General Tod D. Wolters, elogiou a conversa telefónica mantida entre os chefes do Estado-Maior norte-americano e russo, Mark Milley e Valéri Guerassimov, respetivamente, sobre a situação na Ucrânia. Este foi o primeiro contacto desde o início da invasão russa da Ucrânia.

“Queremos que a diplomacia venha ao de cima”, realçou Wolters, que espera que como resultado da conversa tenha sido dado mais um passo para encontrar uma solução.

O Comité Militar concentrou-se na guerra na Ucrânia, mas, além disso, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, que também participou na reunião, abordou com os chefes militares da Aliança o contexto geoestratégico e os preparativos para a cimeira de líderes, que decorrerá no final de junho em Madrid.

Stoltenberg elogiou os 30 chefes de Defesa da Aliança Atlântica pela “valiosa contribuição” para “defender cada centímetro do território da NATO” contra ameaças de qualquer direção.

“É importante mantermos os nossos esforços e reajustarmos a nossa posição a longo prazo”, frisou o secretário-geral da NATO.

A guerra na Ucrânia, que entrou no 85.º dia, causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas de suas casas — cerca de oito milhões de deslocados internos e mais de 6,3 milhões para os países vizinhos –, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Também segundo as Nações Unidas, cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa — justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia — foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.

A ONU confirmou que 3.811 civis morreram e 4.278 ficaram feridos, sublinhando que os números reais poderão ser muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a cidades cercadas ou a zonas até agora sob intensos combates.